Por Fernanda Camargo
Do Bolsa Bebê
Se o seu filho fica acuado nas reuniões de família, no encontro com os amigos ou mesmo quando você o leva para passear e há contato com outras pessoas saiba que essa timidez é um fator natural, que muitas vezes não gera problemas, mas que precisa de acompanhamento para não ser prejudicial no desenvolvimento do pequeno.
“Apesar de muitas teorias, não se sabe ao certo a origem da timidez. Antes dos dois anos de idade, não dizemos que uma criança é tímida, pois ela ainda não se tornou consciente de sua existência como uma identidade distinta. Isso significa dizer que a timidez está relacionada com a consciência de si mesma”, explica a psicóloga clínica Dra. Mariane Dias Ferreira. Ela diz que pesquisadores apontam que, à medida que a personalidade de uma criança se desenvolve, um temperamento inibido inato pode virar uma personalidade tímida com a influência de fatores como o ambiente familiar ou cultural, experiências como educação e expectativas e constituições neurobiológicas e genéticas.
A psicóloga afirma que quando as crianças estão na fase de latência, entre os 6 e 10 anos de idade, a atenção precisa ser redobrada, já que nesse período elas estão ensaiando para a vida adulta, quando brincam de boneca, casinha, jogador, entre outros. “Nesse momento elas aprendem lições valiosas sobre como fazer negociações, cooperar e socializar, portanto, não é à toa verificar que muitas crianças tímidas apresentam dificuldades nessas idades. Se forem tímidas, elas tendem a ficarem presas na timidez que lhes são tão familiares se sentindo incapazes de criar uma nova forma de ser”, afirma. A Dra. Mariane conta que algumas pesquisas concluem que crianças tímidas nessa idade têm autoestima mais baixa e, por vezes, sofrem de rejeição e provocação de outras crianças.
De acordo com a psicóloga, é fundamental que os pais e a família ajudem seus filhos a se soltarem mais e, consequentemente, se livrarem dessa timidez, já que o ambiente familiar influencia muito. “A família e os pais são seu primeiro ambiente social. É a família que ensina a criança a lidar com relacionamentos. Crianças tímidas, por exemplo, dependem das mães para apoio emocional, enquanto o pai tem forte influência sobre seus filhos ao ensinar sobre força e autoexpressão”, comenta a Dra. Mariane. Ela ainda alerta que se os pais exigem muito da criança isso pode aumentar suas angústias e os que são superprotetores as impedem de se desenvolverem mais, deixando-as acreditar que seus medos são maiores que suas expectativas.
Para os pais que perceberam a timidez em excesso em seus filhos, a Dra. Mariane tem algumas recomendações. “Os pais e a família devem encorajá-las a brincar com seus amigos, irem à escola, aprenderem a andar de bicicleta e a irem se arriscando, mas com a compreensão de respeitar seus limites, e de que a timidez, em até certo grau, não é uma desordem emocional”, indica. Essa participação é muito importante, já que a timidez pode prejudicar, e muito, os pequenos. Reações ao estresse, agressividade, dramatização dos problemas, medo são algumas das consequências.
Há algumas atividades que podem ajudar na melhora da socialização dessas crianças tímidas com seus coleguinhas e outras pessoas, como montar quebra-cabeças, desenhar, brincar com bonecos, ler livros, pois estimulam a criatividade, confiança e não são jogos competitivos. Entretanto, a psicóloga diz não acreditar que elas precisem de aconselhamentos extras ou classes especiais. “Essas crianças precisam ser integradas à classe e a socialização em um ritmo mais lento. Depois que se sentem confortáveis, podem se sair muito bem”, afirma.
Saiba como ajudar o seu filho a se soltar mais
A psicóloga Dra. Mariane dá dicas para você ajudar o seu filho a perder ou mesmo diminuir a timidez em excesso.
– Ensine-os a compartilhar os brinquedos, interagir e agradecer os coleguinhas e outras pessoas;
– Mostre a eles como as recompensas são maiores que os riscos, contando histórias sobre como conheceu seus amigos, usando antigos álbuns de fotos, por exemplo;
– Converse com seu filho e o deixe contar como se sente. Aproveito para dizer como você superou os mesmos problemas que ele está enfrentando;
– Cuide para que ele tenha oportunidades de brincar com outras crianças, convidando-as para ir a sua casa ou permitindo que ele as visite;
– Leia livros que mostrem amizades saudáveis e reforce as habilidades sociais.
A terapia ou consulta com psicólogo também pode ser muito útil, já que isso ajuda a identificar o sofrimento da criança. “Além disso, a terapia oferece um espaço no qual a criança aprende a se conhecer, reconhecer seus limites, suas potencialidades e expressar seus sentimentos de forma adequada”, diz a Dra. Mariane.





