Banho de beleza

Que tomar banho é uma delícia, todo mundo sabe. Não existe coisa melhor do que chegar em casa, depois de um dia exaustivo, e deixar todo o cansaço e o estresse descerem pelo ralo junto com o suor para estar novamente pronta pra outra. Agora, imagine no que se transforma o nosso banho do dia-a-dia acrescido de ervas relexantes, óleos especiais e mais uma infinidade de ingredientes que prometem maravilhas para o corpo e a mente?

Desde o tempo dos egípcios, os banhos são sinônimo de prazer, saúde e beleza. Marco Antônio conhecia muito bem os efeitos da famosa mistura de ervas, leites e essências que tornavam Cleópatra ainda mais bonita e sedutora. Os egípcios também curtiam um relax, mergulhados nas banheiras de argila – muito parecidas com as que a gente tem em casa – sob a proteção da deusa Hera, de Asclépio, o deus da saúde, e de sua filha Higéia, que deu origem à palavra higiene. Os romanos davam tanta importância ao assunto que, em todos os territórios conquistados, a preocupação em construir as lendárias termas era tão grande quanto a de erguer templos e estradas. Foram eles que começaram a difundir o hábito do banho freqüente, criando as casas de banho e os banhos públicos. Quem nunca assistiu a um filme épico com guerreiros romanos tomando importantíssimas decisões, reunidos em tentadoras banheiras e tinas?

No Japão, ainda hoje, a hora do banho é um momento quase sagrado, tido como uma recompensa pelo exaustivo dia de trabalho. Antigamente, haviam casas especializadas, mas, como o tempo lá do outro lado do mundo anda meio curto, os japoneses construíram em casa mesmo o ofurô, um tina feita de ripas de madeira. Eles garantem que, estando a água em uma temperatura aproximada de 40 graus, os benefícios são inúmeros: relaxa, alivia dores musculares e melhora a circulação sangüínea, provocando sensação de bem-estar. Do lado de cá do planeta, os especialistas não pensam diferente. “Como o nosso organismo é composto por cerca de 70% de líquido, quando entramos no ofurô, acontece uma transmissão térmica que aquece a água do nosso corpo. Essa água aquecida circula pelo corpo, ativando as nossas funções de uma maneira geral, em particular os rins. O reflexo disso na pele á fantástico”, comenta a esteticista Sylvia de Masi.

Ultimamente, o ofurô vem se popularizando no Brasil. Ele pode ser feito simplesmente com água, mas o que o caracteriza são os ingredientes que vão na banheira: sais, óleos essenciais, flores, frutas e até vinho, cada um com sua indicação específica. No Espaço Kantui, em São Paulo, uma das grandes vedetes é o banho de sal do Mar Morto. “Ele é extraído do ponto mais baixo da Terra, por isso é mais rico em sais minerais e oxigênio. Esse banho é muito indicado para o combate à celulite e à flacidez, além de ajudar na TPM, na menopausa e nas enxaquecas”, conta Marcos Motta, responsável pelo Kantui.

Sylvia de Masi também exalta os efeitos dos óleos essenciais. “Uma gota de óleo essencial é equivalente a quase 20 xícaras do chá da planta”, diz. Como são mais densos, os óleos permanecem na superfície da água, formando uma película e agindo não só na pele como também no organismo. Para o aparelho respiratório, canela, menta, eucalipto e gengibre. Camomila, manjerona e lavanda relaxam. Alecrim, laranja e tangerina são bons para a concentração. Mas no ofurô, os cuidados não estão restritos apenas à banheira. “É importante servir chás e muita água durante o banho, pois há a necessidade de hidratar o corpo e repor os líquidos eliminados, devido à dilatação dos vasos sangüíneos”, explica Marcos. Aliás, sobre isso, Sylvia recomenda que grávidas e pessoas com problemas de pressão devam consultar seus médicos antes de mergulhar nos banhos terapêuticos.

Mais agitadinha que o ofurô, a hidromassagem também oferece ótimas opções de tratamento: da máscara de turmalina para sumir com as rugas até a badaladíssima lama do Mar Morto. “Ela é muito boa para dores nas articulações, é muito usada em idosos. Mas o sucesso dela vem da drenagem linfática, no tratamento conta a celulite”, conta Sylvia de Masi. Malga Di Paula, do Relax Day Spa, também é adepta da lama do Mar Morto e dos óleos essenciais na hidromassagem. “Temos a vinhoterapia, com essência de uva, que tem ação antioxidante e ajuda a controlar a oleosidade da pele”, diz. Outra atração do Relax Day Spa é o banho da Amazônia que, segundo Malga, foi elaborado por um pajé e, além de purificar a pele e relaxar os músculos, tem um fundo espiritual. No Espaço Kantui, o mau-olhado é posto para correr com o Banho de Proteção e Limpeza, elaborado com sal grosso, alecrim, arruda e lavanda.

Também indicadas para dores musculares e problemas de circulação, as duchas prometem ajuda até para a vida sexual. Os jatos de água atingem o corpo inteiro e massageiam e enrijecem a pele. “Na ducha escocesa, por exemplo, são cerca de mil jatos de água massageando o corpo e ajudando a tonificar os tecidos”, conta Soon Hee, do spa budista Kanguendô, em São Paulo. Sylvia de Masi conta que as duchas têm o poder de esfoliar, hidratar e purificar a pele. “São excelentes os tratamentos com choque térmico que dilatam os poros e liberam as impurezas”, afirma.

Mas nem tudo que é banho tem a ver com chuveiros ou banheiras. Sucesso absoluto nos institutos de beleza nesse verão, o banho de lua ou banho de noiva descolore os pêlos do corpo, para deixá-los mais claros e com mais brilho. “O resultado é muito superior àquele clareamento, feito em casa. Há o acompanhamento de uma esteticista que faz uma anamnese com a cliente e avalia a melhor técnica”, explica Sylvia. Segundo ela, o segredo do banho de lua está na preparação correta da pele. “É feita uma esfoliação corporal antes e, depois, o pó de descoloração é aplicado com um hidratante. A pessoa fica com a mistura no corpo por meia hora e, depois de um banho, sai linda”, garante, provando que os poderes do banho parecem mesmo não ter fim: são um mergulho de prazer, beleza e saúde.