Beleza sob o sol

É só o verão dar as caras para a gente querer sair desfilando bonita por aí. De repente, queremos fazer todos os tratamentos possíveis para que a estação não passe (literalmente) em branco. E dá-lhe massagem anticelulite, creme contra estrias, laser para evitar manchas. Só que nem sempre a estação do calor é a melhor época para começarmos a fazer esses tipos de tratamento, pois o sol pode deixar marcas e cicatrizes ainda mais profundas e difíceis de apagar. Portanto, antes de sair correndo para a primeira esteticista que prometa fazer milagres, veja nossas dicas para você não passar o resto do ano no consultório de um dermatologista tentando recuperar a beleza perdida.

Todo mundo sabe que com o sol não podemos brincar. Embora os raios solares sejam importantíssimos para a nossa saúde, em excesso podem trazer problemas. Quando fazemos algum tratamento, a nossa pele fica mais sensível e indefesa, prefeita para a ação dos raios UVA e UVB. Resultado: além de colaborar com o envelhecimento precoce, nosso corpo pode ficar cheio de marcas indesejáveis. Por isso, nessas horas todo cuidado é pouco.

Estrias

As incômodas listrinhas que cismam em aparecer no bumbum, coxas, seios e quadris, principalmente, são as mais difíceis de tratar. Primeiro, porque elas ainda não têm cura e segundo, porque os tratamentos para tentar disfarçá-las costumam ser mais agressivos. A estria nada mais é que um rompimento das fibras elásticas da pele, formadas por colágeno e elastina. Quanto mais antiga a estria (aquela que já está esbranquiçada), mais difícil fica atenuá-la.

Mas, se você está desesperada com o seu visual e precisa a qualquer custo tratar das estrias no verão, a dermatologista Carolina Ferolla recomenda a microdermoabrasão, também conhecida como peeling de cristal, uma espécie de lixamento superficial feito com microcristais. Os cristais de hidróxido de alumínio promovem um peeling cutâneo, deixando a região avermelhada e inchada. Para bons resultados é necessário cerca de 10 a 15 sessões, que podem ser feitas no consultório médico mesmo.

Além dessa técnica, Carolina Ferolla indica o Accent, um aparelho de radiofreqüência, ideal para ser usado nas estrias brancas. Ele aquece o colágeno presente na pele e ajuda a cicatrizar as estrias, enrijecendo a região. Quatro sessões é o ideal para o corpo. “Como a estria não tem cura, o melhor tratamento é aumentar a quantidade de colágeno na área”, explica a dermatologista.

Existem clareadores próprios para serem usados no verão, à base de betalipohidroxiácido com ácido cógico.

A conhecida carboxiterapia, técnica que utiliza o gás carbônico para estimular a produção de colágeno e elastina, também pode ser uma opção. Mas, nesse caso, escolha alguns programas diferentes que não sejam praia ou piscina. Isso porque o tratamento deixa o corpo com pequenos hematomas por causa das agulhas que são enfiadas na pele, e são precisos alguns dias para que as manchas sumam.

Mas não são todos os dermatologistas que indicam tratamentos contra a estria nesta época do ano. Adriana Vilarinho é uma delas. “Não recomendo porque é preciso fugir do sol em praticamente todas as técnicas”, diz.

Celulite

Para evitar prejuízos e frustrações, é preciso escolher muito bem qual tipo de tratamento para acabar com a celulite. Por exemplo, se ela surgir por causa da retenção de líquido, a técnica ideal é a velha e boa drenagem linfática. As massagens ajudam a diminuir os líquidos e resíduos metabólicos e, atualmente, é o tratamento mais elementar para combater os furinhos.

Se a sua celulite vier acompanhada de gordura localizada, a dermatologista Adriana Vilarinho indica o Accent associado ao Manthus, aparelho que combina ultra-som, correntes elétricas e eletroporação. As correntes aceleram a queima de gordura e o ultra-som ajuda a quebrar as células de gordura. Mas, caso sua pele seja flácida, você pode combinar o Accent e a carboxiterapia. “O ideal é fazer o Accent, o Manthus e a drenagem juntos. Assim o resultado é muito mais completo”, sugere a dermatologista Carolina Ferolla.

Não pode gastar muito dinheiro? Então, invista em cremes que contenham cafeína, thiamucase e transductol. Ah, e aproveite a estação para praticar exercícios e ter uma alimentação balanceada. “De nada adianta todo esse esforço se você cai de boca nos doces, frituras e fica estatelada na praia. Tome bastante líquido e evite o sal. Os resultados ficarão ainda melhores”, indica a dermatologista Teresa Ferraz.

Foliculites e pêlos encravados

Se deixar as pernas bronzeadas de fora é garantia de muitos elogios, é também sinônimo de muito trabalho para não deixá-las com pêlos encravados e foliculites. Geralmente, o laser é indicado para resolver esses problemas, mas no verão, nem pensar! O jeito é ir contornando a situação até o inverno surgir com suas primeiras brisas geladas. “O ideal é sempre alternar os métodos de depilação para que os pêlos percam a força de forma desigual”, ensina a dermatologista Carolina Ferolla. Ela sugere que, a cada duas depilações, você faça uso da gilete uma vez. Medo de o pêlo engrossar? Bobagem, segundo ela. O método é só para que os pêlos cresçam de forma igual e facilitem a depilação.

Esfoliar também é preciso! Pelo menos uma vez por semana. Pode ser com bucha, pedra-pomes, açúcar. Mas, tenha paciência. Para que suas pernas fiquem lisas e bonitas, esse processo leva tempo – três ou quatro meses, no mínimo. “Ah, e depois de qualquer método depilatório, faça uso de algum creme antiinflamatório”, indica Carolina.

Mas, se você já estiver com foliculite, a microdermoabrasão pode ser uma saída. Normalmente, são necessários três a quatro aplicações, que custam entre R$80,00 e R$150,00, dependendo da área.

Manchas

Elas podem ser de gravidez, machucados, de sol. Seja qual for a origem, ficar com a pele manchada é um transtorno. Além de muito feio, é preciso ter cuidados redobrados para que os raios solares não marquem ainda mais o seu corpo. O ideal é que o tratamento se inicie a partir de abril e aí as técnicas podem ser várias: peelings, laser ou luz intensa pulsada.

Porém, segundo a dermatologista Carolina Ferolla, as pessoas devem sempre tratar as manchas para evitar o efeito rebote. “Existem clareadores próprios para serem usados no verão, à base de betalipohidroxiácido com ácido cógico”, afirma.

Ela sugere ainda cremes com ácido glicólico em baixa concentração e a microdermoabrasão para suavizar a pele. A luz intensa pulsada também pode ser um bom recurso, se você não for se expor ao sol com muita intensidade. Mas ela faz um alerta: nesta época do ano, fazer tratamentos mirabolantes pode ser sinônimo de prejuízo e perda de tempo. “Você perde cerca de 30 a 40% do tratamento por causa do sol. Mas é preciso fazer para que as manchas não aumentem muito e fiquem ainda mais difíceis de serem removidas”, afirma.

Cravos e espinhas

Ao contrário do que as pessoas pensam, a limpeza de pele está liberada e é o tratamento ideal quando a pessoa tem muitos cravos e os poros abertos. Se você tiver com espinhas, muito cuidado. O sol aumenta a oleosidade da pele e o problema pode se agravar. É importante lavar com um sabonete especial para controlar essa oleosidade.

Você deve evitar os peelings, porque eles deixam a pele mais sensível. Mas, se o caso for extremo, Carolina dá a dica: “Se você estiver trabalhando e só for à praia no fim de semana, você pode fazer o peeling na segunda, porque até sexta a pele vai estar recuperada”. E ela continua. “Se você usa algum tipo de ácido, comece domingo à noite e pare na quarta”, complementa a dermatologista.

Mesmo assim, cuidado. Peelings muito fortes deixam a pele muito sensível e só são recomendados no inverno.

Rugas e linhas de expressão

Se você faz preenchimentos, coloca toxina botulínica e tratamentos afins, uma boa notícia: está tudo liberado! Você não precisa ficar sem tomar sol por causa dessas técnicas. É claro que um bom filtro solar, com fator de proteção alto é fundamental. A dermatologista Adriana Vilarinho recomenda o uso da toxina botulínica para testa e região ao redor dos olhos, ácido hialurônico para as rugas ao redor da boca e no sulco nasogeniano, o conhecido “bigode chinês”. Para quem tem rugas mais profundas e flacidez na região da mandíbula, o Sculptra, um remodelador facial pode ser uma boa opção.

Os aparelhos de radiofreqüência Thermacool e Accent também podem ser usados no verão e na pele bronzeada – eles estimulam a produção de colágeno dando um “efeito lifting” e diminuindo flacidez e rugas de expressão.

Só no inverno

Por mais que no verão a gente queira recuperar o tempo perdido, os melhores tratamentos de beleza devem ser feitos no inverno. Alguns estão praticamente proibidos na estação do calor, como laser para manchas e peelings muito fortes. Se você conseguir esperar pelo menos até abril, melhor. Afinal, você não vai querer passar os longos dias de calor sem poder aproveitar o sol, vai?