Alimentação balanceada > A luta diária dos pais

1- O que você considera uma alimentação saudável?

2- Seus filhos têm uma alimentação saudável?

3- Você tem alguma dica para ensinar?

Resposta da nutricionista Regina Sarmento, mãe de um casal de filhos: Renato e Eliza

1- Eu considero um dia de alimentação saudável quando eles comem duas cotas de frutas por dia, vegetais, carne, arroz, feijão e não entram nos doces, chocolates e refrigerantes. Fico muito satisfeita quando acontece isso. O que é muito difícil, é conseguir isto mais do que um dia! Não tenho o hábito do refrigerante e do doce como sobremesa na minha casa, mas na saída da escola, quando voltam com alguém, param no baleiro, eventualmente ganham um chocolate. No fim de semana impreterivelmente vão às lanchonetes de fast food. Mas consigo que a rotina deles seja saudável.

2- Sim. Existe na minha casa um grande consumo de frutas e vegetais, consumimos geralmente mais carne branca, não se come fritura e quase nada industrializado. Nunca tenho refrigerante. Não se consome muito doce também. Conto sempre uma história sobre certa vez que meu filho foi comer na casa de um amigo e só tinha arroz, feijão, carne e batata frita, então ele comentou ” Nossa, não tem comida nesta casa!”. A dona da casa não entendeu e perguntou porquê e ele respondeu que não tinha alface, quiabo, não tem folhas”. Para ele comida significa vegetais variados, arroz, feijão e carne.

3- A dica que recomendo é começar um trabalho de conscientização da criança desde pequenininho. É muito difícil mudar os hábitos alimentares de um adolescente. Criar uma criança com uma alimentação saudável e balanceada, isso quer dizer, despertar o hábito de comer vegetais, frutas, massas, arroz, pouca gordura e doce, é muito difícil. O fast food, a bala, o chocolate e todas essas coisas industrializadas fazem parte da vida de nós todos. A questão é a forma de como isso entra no seu dia-a-dia. Para mim a maior dica é o exemplo dos pais, da família e o acesso da criança a todo tipo de alimento saudável.

Resposta do biólogo, mestre em Ecologia e analista de projetos da Finep, Rogério Medeiros, pai de três filhos: Manoel, Lourenço e Catarina.

1- A alimentação saudável é aquela que permite, biologicamente falando, um desenvolvimento equilibrado da criança e do adolescente. Ocorre que a criança exatamente naquela fase da transição de criança para adolescente passa por transformações grandes, biológicas. Meus filhos, por exemplo, tiveram aumento de peso e existe uma mídia muito grande em cima delas para comerem em fast food . Quando eles eram menores e, especialmente no primeiro filho, tínhamos uma filosofia de despertar nele um hábito alimentar bem saudável. Já no segundo filho e depois com o terceiro, a praticidade e a vida cada vez mais agitada tornou mais difícil o gerenciamento de tudo. Atualmente não dá mais para ser uma alimentação rigorosamente balanceada e, nem por isso, relaxo completamente. Não permito que comam todo dia em um fast food. Para mim a alimentação saudável é aquela que envolve uma parte de cereais, frutas, legumes e verduras. Na questão da carne nós respeitamos o gosto dos nossos filhos, alguns gostam mais, outros menos.

2- Eu gostaria que fosse melhor, apesar de termos passado todos os conceitos para eles. Catarina, minha filha mais nova tem alguma dificuldade para comer vegetais, mas está entrando na puberdade, então acho que em breve vai mudar sua alimentação. Lourenço, o do meio, desde que nasceu, rejeitava a mistura de qualquer legume ou verdura na mamadeira. Toda vez que o forçamos a experimentar esse tipo de alimento ele não suportou. Agora aos 13 anos, porém, a parte estética passou a ser importante e ele mesmo procurou tomar as providências para emagrecer, criando novos e melhores hábitos alimentares. O mais velho já tem 16 anos e malha todo dia. Come maravilhosamente bem, inclusive comidas integrais como arroz. Ele tem toda uma preocupação em se alimentar bem e isso vem dele mesmo.

3- A dica é conhecer bem o seu filho e entender quais são as dificuldades de cada um. Não esquecendo de tentar transmitir informação para que ele possa tomar as suas próprias decisões. Agora sinto que o mais importante é o seu exemplo.

Resposta da jornalista Cristina Chacel, mãe de Bárbara, 10 anos, e madrasta de três enteados: Joana, 21 anos, Júlia, 18 anos e Alexandre, 16 anos

1- O que considero uma alimentação saudável é uma comida sem fritura, com balanceamento de proteínas, legumes, verduras, frutas, pouco açúcar e nenhum refrigerante. Mas não é nada disso que acontece aqui na minha casa.

2- Os meus filhos têm uma alimentação saudável considerando que não andam com dinheiro no bolso e são proibidos de freqüentarem fast food a não ser em ocasiões especiais como aniversários. Então eles têm essa orientação considerando isto o pior dos mundos, mas eles não comem nem verdura e nem legume e muito pouca fruta. Diariamente comem arroz, feijão, carne branca ou vermelha, farofa e batata. Quer dizer, eles suprem um lado que eles precisam para crescer e se desenvolver, entretanto deixam faltando o outro lado das verduras e legumes. A mais velha e o menino quando são muito estimulados ainda experimentam algum alimento novo, mas minha filha menor nunca. Desde e sempre Bárbara não tem uma boa alimentação, o que foi no início uma grande fonte de angústia para mim. Hoje em dia relaxei, mas obrigo ela a comer bem uma refeição por dia

3- Nós os pais também não comemos de tudo. Meu marido Custódio ainda come bastante salada, mas eu mesma não como quase nada. Não tenho nenhuma dica para dar. Não consigo resolver o meu problema em casa, como vou ensinar algo para os outros? Estamos conversando sobre um terreno educacional em que nós aqui em casa somos mal sucedidos. É uma guerra. É uma luta e ainda um ponto de frustração para nós, como pais. Dica quem dá é médico, mas eles não são a realidade da vida e como nossa alimentação como pais não é santa, fica tudo mais complicado.