Durante o fenômeno do eclipse solar total nos Estados Unidos, diversos relatos de comportamentos incomuns de animais foram registrados. E isso não é um fato isolado. A própria Nasa reconhece que a mudança no comportamento animal é algo recorrente. “Foi relatado durante muitos eclipses que diversos animais diferentes são surpreendidos e mudam seu comportamento pensando que o crepúsculo chegou”, afirma a agência espacial.
Comportamento animal durante eclipse
Nova York
A cidade de Nova York viu a Lua cobrir 72% do Sol no céu. Mas foi o suficiente para afetar o comportamento dos animais que habitam o refúgio de vida selvagem Jamaica Bay, como mostrou reportagem do canal Fox.
Era ainda começo de tarde quando a escuridão parcial começou. Imediatamente, as aves pararam de voar e animais de hábitos noturnos como caranguejos e tartarugas deixaram a água para irem à superfície.
Memphis
O Zoológico de Memphis programou um dia especial para observar a reação dos animais aos efeitos do eclipse, que na cidade também não foi completo.
Foi relatado que dois hipopótamos começaram a sair da água e jogar água no outro – exatamente como fazem todas as noites. Notaram também que os crocodilos africanos ficaram agitados como nunca e que as aves, sobretudo os pinguins, começaram a vocalizar muito alto durante o ápice do eclipse.
De todos os animais, contudo, o que apresentou comportamento mais incomum foram os ursos negros: quando o eclipse estava no pico, começaram a rodear o restinho de luz do Sol, mas assim que a Lua se afastou, voltaram a seus lugares e dormiram.
Winscosin
A jornalista Rebecca Harrington relatou no site Business Insider o que viu durante o eclipse solar. Ela disse que estava na fazenda de seus pais em Wisconsin quando viu comportamentos malucos.
No pico do fenômeno (chegou a 83% onde ela estava), os esquilos começaram a sair de suas tocas e um faisão iniciou uma incessante sessão de gritos.

História da atitude animal durante eclipses
Os relatos de animais ficando malucos durante o fenômeno não é nada recente. Quase 800 anos atrás isso já era nítido. Durante o eclipse de 3 de junho de 1239, o monge italiano Ristoro d’Arezzo escreveu que quando o Sol sumiu “os animais e as aves ficaram aterrorizados, e até as mais selvagens criaturas podiam ser facilmente capturadas”.
Em Portugal, durante o eclipse de 1569, o astrônomo Christoph Clavius também notou algo de estranho: “quando as estrelas apareceram no céu, os pássaros caíram do céu ao chão com medo das sombras”, escreveu.
O que a ciência diz?
Não se sabe ao certo o que provoca tal reação nos animais. Mas os estudos sobre o tema não faltam. Um artigo produzido na Universidade de Kyoto, no Japão, diz acreditar que a lua aumenta a sensibilidade de recepção magnética dos animais. “Temos a hipótese de que os animais respondem à lua cheia por causa das mudanças nos campos geomagnéticos”, expõem.
Outro trabalho, da Academia de Ciências da Polônia, afirma que estudos em animais revelaram que o ciclo lunar pode afetar alterações hormonais no início da filogênese (em insetos).
Em peixes, o relógio lunar influencia a reprodução e envolve o eixo hipotálamo-hipófise-gonadal. Nos pássaros, as variações diárias na melatonina e na corticosterona desaparecem durante os dias de lua cheia.
O ciclo lunar também exerce efeitos em ratos, em relação à sensibilidade ao sabor e à ultraestrutura das células das glândulas pineal.

Em entrevista à revista norte-americana Time, Douglas Duncan, diretor do Planetário Fiske, da Universidade de Colorado, comparou o comportamento dos animais diante dos eclipses. “Os animais inteligentes ficam loucos! É provável que eles reajam de forma diferente ao evento”, disse, sobre animais que entendem que há algo diferente da normalidade, enquanto os animais menos inteligentes apenas entendem que é a noite que chegou; estes não ficam estranhos, apenas se comportam como se o Sol já tivesse se posto.
Alguns experimentos foram tentados com animais específicos.
Aranhas
Foi observado o comportamento de aranhas durante o eclipse solar total de 11 de julho de 1991, em Veracruz, no México. Os cientistas viram que quando o céu ficou completamente escuro, as aranhas começaram a desfazer as suas teias.
O mais curioso é que outro grupo de aranhas com iluminação artificial nem sequer pararam de tecer as teias. A conclusão foi de que a quantidade de luz é determinante para a formação das redes aracnídeas.
Chimpanzés
O estudo acompanhou um grupo de chimpanzés no centro de pesquisa de Yerkes (EUA) durante o eclipse solar anular de 30 de maio de 1984.
Quando o céu começou a escurecer e a temperatura diminuir, as fêmeas se moveram para a estrutura de escalada dos macacos, e depois praticamente todos eles as acompanharam.
No momento de pico do evento, todos mobilizaram o corpo para assistir ao eclipse – um deles inclusive gesticulou em direção ao céu. O comportamento não se repetiu nunca mais.

Lhamas
Este não foi um estudo científico, mas a observação de um cientista sobre um curioso comportamento dos animais típicos dos Andes.
Douglas Duncan esteve na Bolívia durante o eclipse total do Sol em novembro de 1994. Ele relatou que quando o eclipse estava total no céu, um grupo de 15 lhamas apareceram e também olhavam para o céu, alinhadas.
Quando acabou o evento, elas saíram cada uma para um lado. É relatado que este animal é bastante atento ao ambiente e capaz de perceber também comportamentos incomuns a seu redor.
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