Todo homem pensa, ou pelo menos a maioria deles, que quanto mais liberada é a mulher, menos limites haverá na cama. Mas, na prática, não é bem assim que a banda toca. Toda mulher tem na ponta da língua sua coleção particular de regras sexuais. E, nesse jogo entre os lençóis, o melhor de criar as próprias leis é poder, sempre que for o caso, transgredi-las. Afinal, como afirmam os conquistadores de plantão: “Tudo é questão de saber chegar com jeitinho. Se o homem for carinhoso, ela acaba cedendo”. Será? Parece que sim. A lista de “não quero, não posso e não devo” aumenta ou diminui conforme as experiências e o grau de envolvimento com o amante. Mas, é entre quatro paredes, que os mistérios se revelam.
Muito além dos estereótipos de prostituta que não beija na boca ou da dona de casa que só faz “papai e mamãe”, por incrível que pareça, ainda existem mulheres lindas e bem resolvidas, que têm uma série de limites pré-estabelecidos quando o assunto é sexo. O primeiro da lista de interdições na cama, como não poderia deixar de ser, é o sexo anal. Pelo menos, para muitas mulheres, a exploração do “lado B” só merece revisão “se for por amor”. Nesse caso, o sexo anal acaba virando uma espécie de prêmio para aquele que fizer jus à valiosa recompensa. A empresária curitibana Heloísa Silva, de 29 anos, por exemplo, apesar de se considerar liberal, não hesita em dizer: “sexo anal, jamais!”. Já a estudante de administração Carolina Pinheiro, 24 anos, diz que descobriu os prazeres da carne quando começou a namorar um homem mais velho e experiente. “Com ele eu topei fazer sexo anal e hoje não vivo sem. As mulheres são muito preconceituosas, dizem que não gostam antes de fazer”, diz ela. No entanto, a estudante garante que “não libera para qualquer um”. “Antes de mais nada, é preciso ter muita confiança na pessoa. Abrir sua intimidade para um homem não é simples, mas é algo que pode aumentar imensamente o prazer”, argumenta.
Na hora “do vamos ver”, o sexo oral também é outro ponto delicado. Como todos sabem, não há homem que recuse ou que não goste de uma boa preliminar do gênero. Nessas horas, cada uma reage de um jeito. A arquiteta Mariana Mendes, de 28 anos, diz que A-D-O-R-A fazer sexo oral no namorado. “Gosto mais, até, de dar do que de receber. Mas não dispenso um bom banho antes da brincadeira. Não há nada mais indigesto do que, cheia de vontade, ter que encarar o dito cujo suado, depois de um dia inteiro de trabalho”. Quando a questão é “cuspir ou engolir”, ela garante que só engole se for o amor de sua vida. Heloisa Silva, um pouco mais conservadora, afirma que só rola se estiver apaixonada. “Novas posições ou brincadeiras mais picantes dependem do parceiro em questão. Com meu marido, só me soltei na cama depois que tive certeza de que só eu existia na vida dele”, declara.
A jornalista Alessandra Goldberg não gosta muito da “coisa”. Diz que só faz um ensaio para criar um clima, mas que vira o jogo rapidinho, para que o sujeito não se empolgue demais. Se ela engole? “Nunca!”, garante. No impasse desse jogo dos lençóis é fundamental que haja diálogo, carinho e compreensão para quebrar qualquer tipo de tabu. Jacira Dias, 30 anos, acabou conquistando um novo amor e mais prazer ao jogar fora a sua velha lista de interdições sexuais. “Há bem pouco tempo descobri o prazer do sexo oral. Aprendi que sexo está ligado ao amor, ao desejo. Descobri meu corpo. A cada encontro aprendo algo e descubro que posso fazer coisas que antes achava imoral”, revela, satisfeita.
Preocupada com o respeito que é “devido” a uma dama, a fazendeira goiana Regina Almeida, de 53 anos, classifica o sexo anal como uma vulgaridade, indigno para uma mãe de família. “Homem que tem classe trata a mulher bem, sempre como uma dama, jamais como uma prostituta”. Regina, que viveu um casamento falido durante 20 anos, diz que foge de homem-galinha e sonha encontrar um homem-cinco-estrelas, que define como aquele que “sabe fingir, pelo menos, que existe amor. É educado e não faz a mulher se sentir um mero objeto de desejo”. Depois de estabelecido o jogo, esse homem-cinco-estrelas, continua Regina, também tem que saber que ela se recusa a fazer amor com a luz acesa, mas nem por isso dispensa lingeries de seda ou renda. A desenhista Juliana Marques também acha extremamente desconfortável fazer sexo na claridade, pelo menos nas primeiras vezes. “Acho que a luz mostra muitos detalhes, num primeiro momento. Gosto mais do clima romântico que uma penumbra causa”, conta.
Romântica ou não, a penumbra não costuma ser preferência masculina. O publicitário Alexandre Rodrigues, 25 anos, só gosta de transar com a luz bem acesa. “Fico muito excitado de olhar para a mulher que está na cama comigo. Principalmente quanto ela está sentindo prazer. Não curto muito quando a garota é inibida e fica cheia de frescuras com o corpo”, conta. O engenheiro Roberto Brandão concorda: “É muito mais estimulante observar os detalhes do corpo e dos movimentos da mulher que você deseja, do que ficar somente imaginando”.
Em vez de se importarem com o próprio prazer, muitas mulheres deixam de assumir seus próprios desejos por conta da preocupação com o julgamento alheio. Um tabu muito comum envolve o que deve ser feito ou não logo na primeira vez. “Acho que deve haver uma certa imposição de limites, senão você acaba revelando todos seus segredos e entregando o jogo logo de cara. Além do mais, nós, mulheres, sabemos que existe um preconceito por parte dos homens quando parecemos liberais demais. Eu, por exemplo, não faço sexo oral na primeira vez”, confessa Ana Cláudia Guimarães. Mas todo esse medo pode estar perdendo o fundamento. O advogados Luiz Carlos Nunes e Maurício Corrêa e o designer João Brito garantem que não vêem problema algum em receber carinhos mais calientes de primeira. “Não sou do tipo que pensa que a mulher é vagabunda só por isso. Acho que tudo vai depender da forma com que o cara conduz a situação”, diz Maurício.
E quando o assunto é poder de persuasão, a apresentadora de TV, Carolina Garcia, acredita que se o homem tiver um bom papo, certamente vai conseguir convencer a mulher. “Mas não me venham logo no primeiro encontro falando em sexo anal que eu brocho na hora. Fico constrangida, me tira o desejo, acho muito agressivo. O legal é ir descobrindo tudo aos poucos. Tem que ter fantasias”, avisa. Outra que também gosta de sexo um pouco mais ousado é a estudante de jornalismo e modelo, Thalita de Carvalho, de 23 anos. “Tem dias em que acordo mais felina, com vontade de fazer sexo selvagem. Tenho consciência de que sou objeto de desejo de muito homens, por já ter posado nua para duas revistas masculinas, mas, ainda assim, tenho minhas restrições. Não transo no primeiro encontro”, garante. Para Thalita, sexo é fundamental, mas só deve acontecer na terceira ou quarta saída. “Não tenho pressa. Sexo só é bom quando temos tempo para se dedicar ao outro, porque é uma troca. Sou romântica e, como toda mulher romântica, adoro o jogo da conquista”, conclui.
Aliás, todo bom amante sabe que, além dos códigos verbais, existem muitas outras coisas em jogo. Parece óbvio falar nisso, mas com certeza a lista de interdições na cama aumenta ou diminui conforme o grau de envolvimento e as exigências morais do tempo em que se vive. Enfim, depende muito do poder de persuasão e de quem está vivendo a relação. O importante é que nada é para sempre. “Acho que imoral é fazer alguma coisa que não me agrade ou com um homem que não me agrade”, finaliza a jornalista Isabel Barreira.
Agradecimentos
Consultor – Dr.Silvério da Costa (sexólogo)