O que antes poderia garantir aquele dinheirinho a mais no final do mês, agora está se tornando uma nova profissão. Não é à toa que o mercado de palestras no Brasil vem aumentando a cada dia. No início, somente economistas famosos, altos executivos e respeitados jornalistas se aventuravam a enfrentar grandes públicos. Hoje, já existe um grande número de profissionais de olho nesse trocadinho extra. Mas não se engane achando que discursar para muita gente é tarefa fácil. Pesquisar fundo sobre o tema a ser tratado, fazer um roteiro para não se perder no meio do caminho e saber interagir com a platéia são requisitos fundamentais para aqueles que estão pensando em engordar seus cofrinhos.
Além de render um dinheiro, as palestras podem ser uma maneira de conhecer novas pessoas. “Sempre fiz palestras em toda a minha carreira, mas nos últimos tempos resolvi transformar esta atividade em oportunidade de ganhar dinheiro ou contatos de importância”, comenta Fabio Steinberg, jornalista, administrador e consultor em comunicação corporativa. Mas será que dá para se viver só de palestras? Fabio acredita que esta atividade está se tornando um novo mercado de trabalho, mas adverte: “Estamos apenas começando este processo no Brasil. Por enquanto, não dá para a gente se sustentar somente com palestras”.
O consultor e jornalista especializado em Internet, Carlos Nepomuceno, também acredita que ninguém vive de palestras e que elas são apenas um subproduto de uma série de coisas. André Motta Lima, jornalista e professor da UFRJ, tem a mesma opinião. “Não é um meio de vida, as pessoas costumam dar palestras eventualmente. Na área de economia é mais comum”, diz. Amyris Fernandes, mestre em tecnologia da informação e negócios internacionais e uma das primeiras consultoras em marketing digital do Brasil, acredita que alguns profissionais só vivem de palestras. “Eu vivo de consultoria. É um novo mercado, mas se expor só para falar de algo que viu nos livros é um perigo. Não podemos esquecer que os melhores oradores americanos têm pós-PhD, anos de consultoria e de aulas”, lembra Amyris, que resolveu se arriscar nesse meio a convite de amigos da Fundação Getúlio Vargas. “O famoso network e o acaso me levaram a isso”, conta Amyris.
Já o jornalista Carlos Nepomuceno, especializado em Internet desde 1983, é sempre convidado para falar sobre Internet em empresas, universidades e sindicatos. “Acho que o que me ajuda bastante na hora de falar é a experiência de ter feito cinco anos de teatro, e, obviamente, eu não ser uma pessoa inibida”, diz. Assim como Carlos, Amyris Fernandez também já fez teatro. Mas será que para enfrentar aquela multidão que parece que vai lhe comer com os olhos é preciso fazer vários cursos e se tornar (quase) um ator? Para o jornalista André Motta Lima, é apenas uma questão de vivência. “Como eu trabalhei em televisão, fica muito mais fácil encarar esse povo todo. A gente vai aprendendo a perder qualquer tipo de vergonha”, revela. No entanto, não adianta o palestrante se preocupar com a questão da desinibição, nem fazer uma série de cursos de impostação vocal e falar bonito, se ele não tem conteúdo suficiente na hora de expressar suas idéias e pontos de vista. “Além de ler, pesquisar e discutir com profissionais sobre os temas a serem abordados, preparo a apresentação em “powerpoint e, quando é possível, mostro ilustrações que tornem o assunto mais interessante e atrativo”, ensina Fabio Steinberg. “A arte de fazer palestra vai também da escolha do público e do tema. Se você discursar para um público leigo e usar muitos termos técnicos – e vice-versa – vai dar problema. O ideal é saber dosar o nível de conhecimento que o público tem”, analisa Carlos Nepomuceno.
Já pensou você dando uma palestra e todo o público disperso e ignorando sua presença? “A platéia não é de ferro. Bons palestrantes sabem como ninguém intercalar um assunto sério com alguma frase espirituosa, sempre no contexto, dando à palestra uma seqüência agradável”, assinala Stephen Kanitz, mestre em administração de empresas pela Harvard University que faz em média 25 palestras por ano e já realizou mais de quinhentas nos últimos dez anos. Mas ele não revela o valor. “Nada pior do que falar para pessoas apáticas, que não reagem nem quando você está lidando com temas polêmicos que afetam suas próprias vidas e profissões”, afirma Fabio Steinberg. “A palestra é como o teatro: se não tem público, nada feito”, filosofa o professor de comunicação André Motta.
Seguindo a “lei do silêncio”, Amyris – que faz de duas a três palestras por mês –também não comenta o preço de suas palestras. Fabio Steinberg, não esconde o jogo. A cobrança é diferenciada e dependerá da platéia e do local em que fará a conferência. “Em certas circunstâncias, falo até de graça”, comenta Fabio. Carlos Nepomuceno faz, em média, três palestras por mês. Assim como Fabio, os preços de suas palestras podem variar. “Se for no Rio de Janeiro, sai em torno de R$ 2 mil. Em outros estados, o valor gira em torno de R$ 3,5 mil, podendo, também, ser de graça”, atesta Carlos.
Mas afinal qual é o segredo para ser um bom palestrante? Primeiro você tem que conhecer a fundo o tema a ser tratado, se informe, leia bastante, converse com outros profissionais e faça pesquisas. Alguns anos de experiência no ramo ou no assunto do qual você vai falar vão lhe ajudar bastante. Prepare um roteiro para não se perder. É fundamental que haja uma sintonia com o público, uma relação de troca, para que a palestra se torne interessante. Controlar o tempo também é importante. Não se deixe levar pelo nervosismo: autocontrole é a palavra de ordem. Se o sofrimento de falar em público for maior que o prazer, vá atras de outros caminhos…
Agradecimentos:
Stephen Kanitz, mestre em administração de empresas, consultor e conferencista.
Assunto: Motivação no trabalho
E-mail: [email protected] ou [email protected]
Site: www.kanitz.com.br
Tel: (11) 3816-5700
Fabio Steinberg, administrador, jornalista e consultor em comunicação corporativa.
Assuntos: Comunicação, mundo corporativo e comportamento organizacional.
E-mail: [email protected]
Site: www.ficcoesreais.com.br
Tel: (11) 5055-7333
Carlos Nepomuceno, consultor, jornalista especializado em Internet e coordenador da PontoNet Consultoria.
Assuntos: Ferramentas de busca e auto-ajuda digital
E-mail: [email protected]
Site: www.pontonet.com.br
Tel: (21) 2246-1323
André Motta Lima, jornalista e professor
Assuntos: Jornalismo e Comunicação
E-mail: [email protected]
Tel: (21) 2262-3011 ou Fax: (21) 2240-5783
Amyris Fernandez, mestre em tecnologia da informação e negócios internacionais, professora e consultora em marketing digital
Assuntos: Tendências em E-Business e mercado de comércio eletrônico nacional e internacional.
E-mail: [email protected]