Países com mais açúcar em seus suprimentos de alimentos têm maiores taxas de diabetes, independentemente da relação do açúcar com a obesidade (ou de outros fatores dietéticos) e de diversos fatores econômicos e demográficos. Foi esse o resultado de uma pesquisa internacional, que mostrou também que o tema está relacionado ao diabetes nas crianças.
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O pediatra Moises Chencinski explica que, ao longo das últimas décadas, crianças e adolescentes têm sido diagnosticados com o problema cada vez mais cedo. Ao mesmo tempo, reduzir a ingestão de açúcar pelas crianças já é foco de vários programas preventivos de saúde, como campanhas mundiais que pretendem banir bebidas açucaradas de escolas e de hospitais infantis. “As crianças estão sendo expostas ao maior consumo de açúcar por um tempo muito maior. Este é um problema comum, particularmente nos países em desenvolvimento, onde os hábitos alimentares e o peso da população vêm mudando muito rapidamente. Os pediatras há muito se concentram no que pode ser feito no início da vida e ao longo da fase de crescimento para prevenir doenças que têm origem na infância, mas tornam-se mais evidentes na idade adulta. Assim, todo o aconselhamento sobre obesidade, atividade física, comportamento sedentário e nutrição em crianças é realmente relevante para a prevenção do diabetes, das doenças cardíacas, muitos tipos de câncer e outras doenças crônicas”, afirma.
Entre os fatores de risco identificados como os maiores contribuintes para o aumento do diagnóstico do diabetes tipo 2 em crianças é o aumento de peso. Por isso, é importante orientar as famílias a melhorar suas dietas e acabar com o sedentarismo. “Devemos prevenir e controlar o ganho de peso excessivo e todos os problemas que surgem em decorrência dele, dentre os quais, o diabetes”, diz o médico.
Segundo ele, a maioria dos pais sequer sabe quanto açúcar seus filhos estão comendo. “Bebidas açucaradas e doces são as fontes óbvias, mas também há açúcar nos alimentos processados, incluindo pão, pizza e batatas fritas. Os açúcares que são adicionados aos alimentos são apenas calorias vazias, ou seja, fornecem calorias extras e nenhum benefício adicional nutricional ao alimento. Políticas para limitar a venda de bebidas açucaradas nas escolas também podem ajudar a limitar o consumo destes produtos. E impostos mais altos para as bebidas açucaradas também poderiam ser uma estratégia promissora. É um verdadeiro absurdo que um refrigerante seja, hoje, mais barato do que um suco de frutas natural”, lamenta.