O chá de ayahuasca, uma erva muito usada pelos indígenas, tornou-se, novamente, centro de uma polêmica. O neto de Chico Anysio, Rian Brito, morreu afogado dias atrás e sua mãe, a atriz Brita Brazil, culpa o consumo do chá de Santo Daime por seu filho pela morte.
Para Brita, o fato de o filho ter passado a frequentar rituais de uma seita que consome a droga – legalizada no Brasil há cerca de 10 anos – fez com que ficasse mais introspectivo e se afastasse do seu ofício, a música. Além disso, Rian teria passado a buscar paisagens e lugares calmos o tempo todo, o que o teria levado à deserta praia de Quissamã, no Rio de Janeiro, onde morreu.
Mas dá para culpar o chá pela tragédia? Em 2010 o cartunista Glauco e seu filho foram assassinados por um rapaz que frequentava a comunidade de chá de Santo Daime, criada pelo cartunista. Porém ficou comprovado que o rapaz sofria de esquizofrenia e não chegou a ser julgado, pois não era considerado capaz de entender os atos que cometera. Mas, anos depois de internação em uma clínica, voltou para casa. Assaltou e matou logo depois.
Afinal, a droga é realmente uma vilã? Quem a toma defende que ajuda a se limpar de impurezas (geralmente provoca vômito) e que ela abre portas de percepção no cérebro que estão normalmente fechadas. Geralmente é consumida em rituais em que cuidadores (pessoas que organizam o evento) não a consomem, para cuidar das pessoas que vão consumir o chá, feito à base de ervas amazônicas.
Como a droga é alucinógena, seus efeitos variam muito conforme o organismo de quem a toma. De qualquer forma é fato que há o risco de a pessoa sair alucinada e fazer alguma bobagem, como pular em um rio, pois perde a noção da realidade e dos seus perigos. Por isso, os cuidadores.
A alegação é que o ritual promove o autoconhecimento por meio desta alucinação, pois o consumidor do chá viaja mentalmente por diversos lugares.
Um grupo de pesquisadores brasileiros publicou recentemente um estudo com um ensaio clínico em que se notou um impacto positivo – em apenas algumas horas – em pessoas com depressão que consumiram a droga.
Estuda-se o evento do ayahuasca mais como religião do que seus efeitos físicos e psicológicos em quem o consome. De qualquer forma, ela é apontada por alguns como vilã, por outros como algo inofensivo ou que gera descobertas. Há que se estudar mais.