Cientistas atmosféricos e ambientais criaram um estudo sobre efeitos de uma guerra nuclear local. Eles montaram, pela primeira vez, um modelo sistemático do planeta dentro de um computador, considerando química atmosférica, dinâmica oceânica e componentes interativos de gelo marinho e terra.
Apesar de a pesquisa considerar uma guerra local, centrada em um ponto específico do globo, os efeitos seriam sentidos em toda a Terra por muitos anos.
No caso, eles fizeram uma simulação de como seria se Índia e Paquistão liberassem um total de 100 ogivas nucleares de tamanho parecido com a que os Estados Unidos jogaram em Hiroshima.
5 efeitos globais de uma guerra nuclear
Carbono negro na atmosfera
Imediatamente, cinco megatons dessa forma de carbono – que é referente à combustão incompleta de combustíveis fósseis e biomassa – seriam arremessados para o céu. Ao ser produzido após a combustão, o carbono negro seria capaz de barrar a passagem da luz solar para a Terra.
Destruição da camada de ozônio
Segundo as previsões do cenário projetado pelos cientistas, o carbono negro na atmosfera desencadearia reações químicas que acabariam com a camada de ozônio do planeta.
Essa estrutura filtra a radiação ultravioleta (UV), que pode ser nociva para nós. Em apenas cinco anos após as explosões das bombas, o ozônio seria 25% mais “fino” do que é hoje.
Uma alteração nos índices de raios ultravioletas teria efeitos quase imediatos na nossa pele. Isso porque aumentaria o nível de exposição à luz solar nociva, elevando índices de queimaduras pelo sol e também câncer de pele. Além disso, o crescimento de plantas e vegetais seria alterado, desestabilizando os níveis atuais.
“Calculamos aprofundamento de 30% a 80% em índices de raios ultravioletas durante o verão em latitudes médias, sugerindo dano generalizado à saúde humana, à agricultura e aos ecossistemas terrestres e aquáticos”, disse a equipe de autores.
Resfriamento da superfície
Maior índice de raios ultravioletas não significa que a Terra esquentaria, muito pelo contrário. No primeiro ano, a temperatura média cairia cerca 1,1º C e não não pararia mais de cair até que a guerra completasse duas décadas, quando a temperatura voltaria a ter somente 1º C a menos do que antes das explosões. O culpado seria o carbono negro, que, suspenso na atmosfera, não deixaria o calor chegar à crosta terrestre.
Pouca chuva, pouca comida
Esse único grauzinho de resfriamento pode parecer pouca variação térmica, mas ele afetaria diretamente a quantidade de chuva na Terra.
Em cinco anos teríamos uma redução de 9% nas precipitações, algo que seria responsável pela queda na quantidade e na qualidade das lavouras no planeta. Calcula-se que dois milhões de pessoas morreriam de fome após a guerra.
Gelo no mar
O gelo marinho invadiria parte do mar dos polos. No ártico, os cientistas presumiram que, em sete anos, a extensão de gelo seria 25% maior do que é hoje. Já na Antártida, esse nível poderia chegar a alarmantes 75% em menos de 15 anos. “Essas vastas expansões de gelo marinho afetam não só a transferência de energia entre a atmosfera e os oceanos, mas também aumentam o albedo planetário”, diz o estudo.
Esse é o termo que calcula a quantidade de radiação que a superfície da Terra recebe e consegue refletir de volta. Uma alteração no albedo terrestre nessas condições refletiria mais luz solar para o espaço, esfriando mais ainda o planeta.
“A expansão do gelo marinho também teria grandes impactos na vida oceânica, impactando fortemente a variedade de organismos que estão em equilíbrio com o clima atual”, finalizam.
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