A ciência deu um novo e importante passo para entender como funciona o universo. Um trabalho conjunto dos observatórios internacionais LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory) e Virgo Interferometer detectou ondas gravitacionais resultantes da fusão de dois buracos negros. O anúncio e a divulgação do paper científico ocorreram nesta quarta-feira (27/9).
A detecção de ondas gravitacionais que nasceram de uma fusão de buracos negro não é inédita. A primeira vez que esse tipo de medição ocorreu foi em 2015, exatamente 100 anos depois de Albert Einstein prever a existência desse tipo de frequência no espaço sideral. Nos últimos dois anos, mais três ondas foram medidas pelos cientistas.
Mas a descoberta recém revelada tem uma característica especial: a onda batizada de GW 170814 foi detectada por três diferentes “antenas” de frequência. Primeiro atingiu o detector LIGO Livingston, depois de seis milissegundos chegou ao detector Hanford e em mais seis milissegundos pode ser notado pelo detector Virgo.
Look at how much better we pinpointed the location of #GW170814 with our 3-detector network, compared with earlier discoveries #BravoVirgo pic.twitter.com/j8lZ02UgNE
— LIGO (@LIGO) September 27, 2017
As informações dos três equipamentos combinadas pelos supercomputadores e pela equipe de cientistas pode, finalmente, dar informações muito precisas sobre a frequência e, principalmente, a origem dessas ondas – que, neste caso, são de uma fusão de buracos negros. Ainda não se pode medir a velocidade das ondas gravitacionais, mas de acordo com a Teoria da Relatividade, elas se movem à velocidade da luz.
“Tal como aconteceu com o Galileu, a humanidade criou um novo instrumento para olhar para os céus. Toda vez que usamos um novo instrumento, há uma nova perspectiva para o conhecimento, o que pode servir de inspiração para a imaginação e a intuição dos jovens, e pode provocar mudanças em milhares de mentes e na ciência como um todo”, disse Giovanni Losurdo, líder do projeto no observatório Virgo.
Origem das ondas gravitacionais: buracos negros e estrelas?
A detecção dessa onda gravitacional ocorreu no dia 14 de agosto, apenas duas semanas depois dos dois centros astronômicos começarem a observação em conjunto. De acordo com os cientistas, ela se originou a partir da fusão de dois buracos negros dentro de nossa galáxia, cuja massa total estima-se em 54 vezes a massa do Sol – os buracos negros tinham 30 massas solares e 25 massas solares.
Na imagem abaixo, é possível ver as quatro ondas gravitacionais já detectadas e seus alcances e, em destaque, a mais recente delas – todas em sobreposição à galáxia (a grande esfera):

Todas as ondas gravitacionais medidas pela ciência até agora têm a fusão de buracos negros como origem. A comunidade científica agora anseia pela possível detecção de um outro tipo de onda gravitacional, que é aquela gerada a partir de estrelas de nêutron, cuja explosão seria capaz de emitir tal tipo de frequência.
Havia rumores entre veículos de comunicação especializados de que seria anunciada a medição de ondas gravitacionais geradas por estrelas de nêutron, mas não há informações precisas até o momento.
Durante o evento que informou a descoberta, o perfil em redes sociais da Universidade da Flórida, envolvida nas pesquisas, disse: “O Virgo está online e em uma localização muito boa no céu, o que é extremamente importante para a detecção de fusão de estrelas de nêutron; o LIGO envia regularmente mensagens de acompanhamento de atividade eletromagnética para os detectores. Se os números processados por semanas ou meses se confirmarem, a expectativa será real”.
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