O que um massacre de 10 mil anos atrás diz sobre guerra e crueldade humana

Uma das mais memoráveis frases do pensador Sun Tzu dizia que “a suprema arte da guerra é derrotar o inimigo sem lutar”, mas antes que estratégias de combate fossem preparadas, não havia técnica para conter a brutalidade do homem perante o outro.

Fósseis encontrados em Nataruk, numa região próxima ao Lago Turkana, no Quênia, deixam pistas de um massacre brutal que pode ser considerada a primeira guerra já travada entre homens.

Datadas de mais de 10 mil anos atrás, ainda no período paleolítico, os esqueletos encontrados provam que mesmo numa era de nômades, sem sociedades constituídas, a violência era um recurso para tomar algo que o outro não tinha, seja abrigo, comida ou algum tipo de arma.

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“Esses danos sofridos pelo povo de Nataruk chocam por sua crueldade”, diz a pesquisadora da Universidade de Cambridge Marta Mirazon Lahr, coautora de estudo que analisou esses fósseis, encontrados em 2012 e, desde então, submetidos a análises.

Dez dos 12 esqueletos encontrados “mostram evidências de terem morrido violentamente”, de acordo com a pesquisa. Esses fósseis foram ‘preservados’ pelo fato de não terem sido enterrados.

Indícios de força bruta extrema a ponto de causar contusão craniana foram constatados, além de evidências de mãos, joelhos e costelas quebradas. Pontas de projéteis de pedra perfuradas no crânio e no tórax de dois homens dão pistas da crueldade dos ataques. Até mesmo uma mulher grávida estava entre o grupo que sofreu o ataque violento, com as mãos atadas.

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Marta diz que a forma com que estes corpos foram encontrados “sugere planejamento e premeditação”. As armas utilizadas não serviam para pesca e não se assemelhavam com nenhum outro aparato para caça – ou seja, teriam sido forjadas para o ataque bruto mesmo.

Antes da análise desses fósseis, acreditava-se que a violência na pré-história partia de atos individuais de agressão. O primeiro indício disso data de 430 mil anos atrás.

“Este estudo oferece um raro olhar sobre a vida e a morte de pessoas forasteiras do passado, dando evidências de que a guerra fazia parte do repertório de relações intergrupais entre caçadores coletivos da pré-história”, conclui a pesquisa.

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