Apostilas, livros impressos, e até comercial de instituição bancária já colocaram um dos maiores escritores do Brasil, Machado de Assis, como uma pessoa branca.
Uma ação da Faculdade Zumbi dos Palmares, entretanto, contornou esse erro histórico ao defender o fato de que Machado de Assis era negro — e a simbólica mudança diz muito sobre representatividade e valorização da cultura negra no Brasil.
Machado de Assis negro: ação de Faculdade Zumbi dos Palmares
Embora mais da metade da nossa população seja negra, milhões de jovens brasileiros passam todo o período escolar— e, por vezes, a vida — sem saber que um dos maiores (se não o maior) escritores do país, Machado de Assis, era como eles: negro.
Segue o fio pic.twitter.com/JwmPEj9DRB
— Tiago Rogero (@TiagoRogero) May 1, 2019
A campanha “Machado de Assis real” tem o propósito de ajustar um dos maiores erros raciais da história da literatura brasileira. Até agora, todo material a respeito do escritor o mostrava como branco.
“O racismo no Brasil escondeu quem ele era por séculos. Sua foto oficial, reproduzida até hoje, muda a cor da sua pele, distorce seus traços e rejeita sua verdadeira origem”, explica o site do projeto.
O site traz, então, um arquivo com a foto real de Machado, negro, para que os leitores e admiradores imprimam e a atualizem em seus livros.

A atitude, apesar de parecer simples, tem impacto muito grande: ao se reconhecer que Machado era negro, a luta contra o apagamento de pessoas negras e em posições de reconhecimento dentro da sociedade ganha força.
E o Brasil pode, finalmente, corrigir a história e rever as ideias racistas que sempre fizeram parte de vários momentos do País.
No site do “Machado de Assis real” ainda é possível participar de um abaixo-assinado pedindo para que as editoras mudem a partir de agora a imagem do escritor, jornalista, crítico, romancista, poeta e teatrólogo. O movimento também subiu uma hashtag para divulgar a mudança:
Leve um livro do Machado lá na Zumbi hoje a partir das 18h, participe dessa errata contra o racismo e ajude refazer a história. #machadodeassisreal pic.twitter.com/ObLRqC100d
— Edi Rock (@edirock) April 23, 2019
Machado de Assis nasceu em 1839, no Morro do Livramento, Rio de Janeiro, e morreu em 1908. Ele é autor de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Dom Casmurro”, “Quincas Borba”, entre outros livros fundamentais para a literatura brasileira.
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