Depois de massacre histórico, Carandiru se transformou em parque; relembre o caso

30 minutos. 515 tiros disparados. 111 presos assassinados. Nenhum policial morto. Esses são os números oficiais do  massacre do Carandiru, conhecido como um dos eventos mais violentos da história das casas de detenção no mundo.

O caso, até hoje polêmico, voltou à tona quando o Tribunal de Justiça pediu a anulação dos cinco julgamentos e a absolvição de 73 policiais militares 1 coronel, alegando que as ações que levaram à morte de mais de 100 detentos foram tomadas por legítima defesa. Você se lembra do que aconteceu?

História do Carandiru

Voltamos a 2 de outubro de 1992. 24 anos atrás, um dos casos de maior repercussão internacional impressionou o mundo pelos números e pela forma como aconteceu: a operação que matou diversos detentos no Pavilhão 9 da  Casa de Detenção do Carandiru.

Tudo começou com mais uma rebelião interna entre os presos, no campo de futebol, que se dividiram em dois grupos. Dessa vez, um incêndio agravou a situação: a prisão começou a pegar fogo e a bagunça foi generalizada. A polícia da penitenciária recebeu reforços militares, mas não conseguiu negociar com os detentos.

Ainda que laudos criminais revelem algumas informações sobre a situação, como a direção da maior parte dos tiros para dentro das celas, e em alturas que condiziam com a cabeça e com o tórax dos presos, não se sabe ao certo como tudo aconteceu.

As versões dos policiais e dos prisioneiros conflitam. As autoridades esconderam o verdadeiro número de mortos e contaram que os presos montaram uma armadilha e os atacaram com facas, estiletes e armas.

Já os detentos que sobreviveram contaram que estavam dentro das celas, desarmados. E que os que conseguiram se salvar, o fizeram fingindo que estavam mortos entre os cadáveres. 

Muitos foram encontrados mortos dentro das celas.

O coronel da PM, Ubiratan Guimarães, foi o comandante da operação. Ele chegou a ser condenado a 632 anos de prisão pela morte da grande maioria dos presos. Mas teve seu julgamento anulado e foi absolvido. 

Logo depois, em 9 de setembro de 2006 foi encontrado morto com um tiro em seu apartamento. Sua namorada à época, a advogada Carla Cepollina, foi apontada como principal suspeita do crime. Porém, ela foi julgada inocente pela justiça e, depois disso, o caso da morte de Ubiratan segue sem novidades. Até hoje, não se sabe quem matou o coronel. 

O que existe hoje onde, antigamente, funcionava o Carandiru? 

A Penitenciária do Carandiru nasceu em 1956 e ficava na zona norte de São Paulo. Era considerado o maior presídio da América Latina, abrigando mais de 8 mil detentos.

Depois do massacre, a prisão foi demolida em 2005, e no seu lugar foi construído uma área de lazer: o Parque da Juventude.

Além das áreas esportivas, de lazer e entretenimento, o parque conserva muralhas e ruínas do presídio.

Os pavilhões 4 e 7 viraram Escolas Técnicas Estaduais (ETECs) e também a Biblioteca de São Paulo, com um acervo de mais de 35 mil títulos.

Curiosidades sobre as prisões