Idiomas: Inglês, Espanhol e Francês fluentes. Um currículo desses enche os olhos de qualquer empregador. Aliás, enchia, porque ter um segundo, terceiro e até mesmo quarto idioma já é considerado requisito básico em algumas empresas. Hoje, quem quer se destacar deve investir em idiomas “diferentes” aos olhos das outras pessoas. Isso pode ser um diferencial e tanto no mercado porque significa que você está atento à globalização, bem como potenciais parceiros comerciais. Países como a China, Japão e os do Oriente Médio estão cada vez mais influenciando a economia mundial e proporcionando excelentes oportunidades de negociação. Portanto, idiomas como o mandarim e o árabe já podem constar no currículo de um profissional completo. Bom para ele, e muito melhor para os negócios.
Quem desde cedo já atentou para ter um diferencial no currículo foi a estudante de publicidade Ana Isabel Campos, 22 anos. Há oito meses, ela tem aulas de mandarim, a língua oficial da China. Embora tenha sempre gostado da cultura oriental, foi a desclassificação num processo seletivo que a fez investir no estudo do idioma. “Era a seleção dos sonhos, tudo o que eu queria fazer. Iria trabalhar na área de compra de produtos internacionais de uma grande empresa. Mas a pessoa selecionada foi aquela que estudava mandarim. Depois disso, decidi estudar a língua”, conta ela, que fala inglês e espanhol.
É uma época estratégica para estudar mandarim. A China está em grande ascensão internacional, então, daqui a dois, três anos, conhecer o idioma será fundamenta
Os companheiros de classe de Ana Isabel também estudam por causa do currículo e das oportunidades de mercado. “É uma época estratégica para estudar mandarim. A China está em grande ascensão internacional, então, daqui a dois, três anos, conhecer o idioma será fundamental”, prevê a estudante.
Assim como Ana Isabel, outras centenas de pessoas estão investindo no idioma. Segundo Victor Harada, diretor da Escola de Língua Chinesa Mandarim, em São Paulo, a procura pelo curso cresceu em 50% em relação ao ano passado. Isso porque a China tem influenciado a economia mundial, a queda expressiva da Bolsa de Valores Chinesa, que respingou no mundo inteiro, inclusive no Brasil, é um dos exemplos da sua importância atual. “Para você ter uma idéia, apenas 5% dos alunos são descendentes. Todo o resto é composto por estudantes e executivos, que querem ter um diferencial no currículo ou que precisam mesmo na rotina do trabalho”, conta.
De acordo com Victor, o mandarim não é tão complicado quanto parece. “As pessoas têm mais dificuldade com o som no início, depois fica mais tranqüilo, até porque a gramática é bem simples. Os verbos, por exemplo, não se conjugam”, afirma. Para se comunicar, um curso de quatro anos é suficiente, já para escrever os milenares ideogramas é preciso um pouco mais de dedicação.
Pra lá de Marrakesh
Outra língua que tem tido grande ascensão é o árabe, não só por causa das notícias sobre terrorismo, mas também pelo petróleo. O campo de trabalho relacionado a esse recurso natural é muito amplo, com negociações grandiosas envolvendo muitos países. A jornalista Renata Pacheco, 32 anos, atenta a essa oportunidade, começou a fazer o curso há pouco mais de um ano e não se arrepende. “Quando eu comecei, muita gente criticou. Só que, hoje, essas mesmas pessoas reconhecem que é importante, não só na minha área, mas para diversas carreiras também”, diz ela.
Segundo Rukaia Escandar, do Centro Cultural Árabe-Sírio no Brasil, em São Paulo, a procura pelo idioma também cresceu entre os não-descendentes. Ela acredita que, além da curiosidade em relação à cultura, literatura e pela língua árabe, existem motivos mais fortes para este interesse. “Estamos vivenciando um período de não-fronteiras, de um mundo globalizado em que cada cultura possui uma correlação com a outra. Após as últimas reuniões entre países árabes e ocidentais, como o Brasil, surgiram maiores e mais lucrativas oportunidades de negócios, viagens e de acordos bi e multilaterais a serem firmados entre os blocos e Estados”, justifica ela. Para quem se interessar, a instituição oferece o curso do idioma árabe clássico e básico gratuitamente, que possui a duração de um ano e meio.
Língua nipônica
Fã de história em quadrinhos, a designer e empresária Angelita Seabra, 29 anos, decidiu fazer o curso de japonês para conseguir ler as revistinhas do país. Mal sabia ela que o então hobby a ajudaria, e muito, na carreira. “Trabalhava numa editora que fechou contrato com uma empresa nipônica para trazer algumas revistas para cá. Numa dessas negociações, fui apresentada a uns desenhistas japoneses que me convidaram para passar uns tempos por lá”, relembra. Ela acabou passando seis meses na terra do sol nascente. “Foi uma experiência excelente, que eu consegui por pura sorte. Fazia japonês há pouco menos de um ano e consegui trabalhar lá numa boa. Os japas são uns fofos”, conta.
De acordo com a designer, aprender o idioma não é tão complicado quanto parece, mas é preciso dedicação. “É aquela coisa, quando você faz algo por obrigação, tudo fica mais complicado. Eu comecei a estudar por prazer e depois vi nisso uma oportunidade maravilhosa”, diz Angelita. Ela agora se prepara para aprender árabe. Nova chance de trabalho? “Que nada! Arrumei um namorado descendente de árabes. Vou aproveitar e unir o útil ao agradável”.
Invista certo
O consultor de carreira Henrique Tavares é um entusiasta desses idiomas no currículo. Segundo ele, atualmente, este tem sido um diferencial significativo na hora de buscar uma colocação. “Os empregadores acham ousado ver pessoas com o interesse em conhecer idiomas pouco corriqueiros. Isso é sinal que o candidato está bem informado e atento ao que acontece no mundo. Se for importante na sua área ou na sua empresa, estude mesmo”, afirma. Mas, só isso não basta. Investir em idiomas não-usuais não significa que os “clássicos” não devam estar fluentes. “Você pode falar tudo, no entanto, o inglês e o espanhol ainda são requisitos básicos. Não adianta, tem que falar”, alerta.
Serviço:
Centro Cultural Árabe Sírio no Brasil
R. Augusta, 1053 – São Paulo
Tel.: (11) 3259-4880 / 3259-4727
Escola de Língua Chinesa Mandarim
www.mandarim.net
Tel.: (11)5904-3388 / 3159-4709