Atire a primeira pedra quem nunca pensou em largar o emprego, abrir a própria empresa e virar chefe. Pois esse é o sonho de milhares e milhares de brasileiros, que todos os anos arriscam montar um negócio e tentar dar uma virada na vida. Para se ter uma idéia, cerca de 95% das empresas formais em funcionamento no país são as chamadas microempresas, que possuem poucos funcionários em suas instalações e atuam no comércio, indústria e prestação de serviços. De acordo com o Sebrae, elas respondem por nada menos de que 60% dos empregos gerados no Brasil. Ou seja: não é pouca gente arregaçando as mangas diariamente para garantir o sustento da família.
Engana-se quem pensa que, a partir do momento em que virar chefe, vai poder deitar na rede, de pernas para o ar, enquanto os outros trabalham. Nada disso. É preciso, antes de tudo, ter espírito empreendedor e muita persistência, porque vai haver muito serviço pela frente. As dificuldades do mercado também são imensas, fazendo com que qualquer abalo na economia mande para o espaço o poder de compra das pessoas – fazendo o seu negócio correr o risco de ir para o buraco antes da hora. Além disso, há uma pilha de impostos a serem pagos mensal e anualmente. Não é à toa que a muitas microempresas não sobrevivem até seu terceiro aniversário. “Muitas pessoas comparecem empolgadas a nossas palestras semanais, querendo tirar dúvidas e conhecer melhor a realidade das microempresas. Quando se deparam com a realidade, descobrem tudo o que vão precisar fazer, algumas delas acabam desistindo antes mesmo de começar. Elas não têm consciência do que é abrir uma empresa, das obrigações que isso envolve”, comenta Maria das Graças Cruz da Silva, técnica de atendimento do SEBRAE.
A abertura de uma empresa, além de ser um processo pra lá de burocrático, depende de muita pesquisa e planejamento. É preciso, antes de tomar qualquer iniciativa, conhecer a legislação trabalhista e o mercado, saber qual vai ser o público-alvo e a estrutura do negócio, arranjar fornecedores e saber, principalmente, quantos serão os funcionários. Se tudo isso já estiver pensado, ótimo. Só falta, então, calcular a grana que se vai investir para dar início ao negócio. Se a conta no banco não andar lá essas coisas, o jeito é partir para a obtenção de crédito junto aos bancos. De acordo com Maria das Graças, nem todo mundo é beneficiado, claro. “Os bancos só vão ajudar quem tiver um projeto bem-estruturado e com garantia de que esse investimento vai ter um retorno”, observa. Ah, um lembrete importante: tanto para abrir a empresa, quanto para pedir um empréstimo, é recomendável não ter o nome sujo na praça ou CPF irregular. Se for esse o seu caso, a melhor coisa é resolver tudo isso o mais rápido possível.
Primeiros passos
Uma forma de testar o sucesso de um empreendimento é participar das chamadas incubadoras, que são ambientes criados para estimular a criação e o desenvolvimento de novas empresas que tenham propostas inovadoras. Normalmente elas funcionam dentro de universidades e institutos de pesquisa, oferecendo infra-estrutura para os primeiros passos da nova empresa: espaço para instalação, copiadora, fax, acesso à Internet, limpeza e segurança. Além disso, são ofertados assessoria e treinamento em marketing, finanças, área jurídica, comércio e comunicação, entre outros. Ali, a empresa permanece por tempo determinado – três anos, no máximo – até amadurecer e ter condições de enfrentar o mercado. Qualquer pessoa pode participar, desde que tenha novas idéias e um plano de negócio bem definido, que precisa ser avaliado e aprovado pela instituição. “A incubadora tem a vantagem de fazer com que as despesas sejam menores, porque os custos de manutenção são rateados”, ressalta Maria das Graças.
Sucesso
Trabalho, muito trabalho. Esse é o lema de Elisangela Cancela, sócia-proprietária da Companhia da Lasanha, loja de comida italiana localizada em um bairro residencial de Curitiba. Na companhia de dois irmãos, ela abriu a empresa há nove anos, inspirada pelo sucesso do pai na administração de uma panificadora. “Chegamos de mansinho ao bairro, sem fazer alarde. A clientela foi crescendo a partir da propaganda boca-a-boca e acabamos recuperando nosso investimento em seis meses. Trabalhamos muito até hoje, de segunda a segunda, inclusive em dias festivos, como Páscoa e Natal. Além de vender, recebemos muitas encomendas, então há dias em que estamos em um ritmo alucinante”, conta ela. O sucesso do empreendimento foi tão grande que os irmãos Cancela decidiram abrir um restaurante, homônimo à loja, em um bairro vizinho. “Corremos de um lado para outro para dar conta de ambos, procuramos supervisionar o trabalho dos funcionários e estar atentos à qualidade dos produtos. É uma tremenda responsabilidade, mas o resultado compensa”, avalia.
É, como se pode ver, virar dono de empresa não é fácil, exige uma série de providências e cuidados a serem tomados. Porém, com criatividade, paciência e talento para contornar eventuais obstáculos, é possível dar certo – e, assim como aconteceu com Elisangela, expandir as atividades e fazer o negócio crescer ainda mais.
Se você quer saber mais detalhes, tirar dúvidas e conhecer todos os aspectos da abertura de uma microempresa, é só acessar www.sebrae.com.br