A Coreia do Norte anunciou ter realizado com sucesso mais um teste com míssil nuclear nesta quarta-feira (29). O impacto do lançamento da ogiva foi confirmado também em comunicado emitido pela Casa Branca, o órgão oficial do governo dos Estados Unidos. Ambos os lados afirmam que este foi o mais ousado exercício militar executado pelo governo de Kim Jong-un.
“O ICBM Hwasong-15 é um míssil balístico intercontinental com uma ogiva de grande tamanho capaz de atingir todo o território continental dos Estados Unidos”, disse a agência de notícias governamental norte-coreana KCNA. Isso significa que a arma une duas características que a tornam especialmente destrutiva: seu tamanho expressivo e sua capacidade de percorrer grandes distâncias.
Míssil norte-coreano: o que é capaz de fazer?
De acordo com as informações divulgadas por Pyongyang o Hwasong-15 é o mais eficiente míssil já produzido pelo país. Veja por quê:
Altitude recorde
De acordo com as informações divulgadas por Pyongyang o Hwasong-15, voou a uma altitude de 4,47 mil quilômetros, a mais alta já alcançada por qualquer míssil lançado pelo país, e tem tecnologia para suportar o impacto e o atrito com todas as camadas da atmosfera terrestre – chegou dez vezes mais longe do que a Estação Espacial Internacional.
Pode ser lançado de qualquer lugar
O lançamento foi realizado a partir da base móvel de Sain-ni, próximo da capital norte-coreana – mas o fato de ter sido disparado de uma plataforma móvel é um sinal de que o míssil pode ser disparado de qualquer lugar no oceano. Percorreu 970 km antes de cair no mar do Japão após se manter no ar por 53 minutos.
Alcança Austrália, Europa e até Washington
Caso a trajetória não tivesse sido interrompida, o míssil pode chegar ao alcance de 13 mil quilômetros o suficiente para atingir a Austrália, a Europa e até Washington, capital norte-americana. E é um artefato cuja interceptação é quase impossível: sua velocidade máxima pode ultrapassar 28 mil quilômetros por hora. E tudo isso, claro, carregando uma ogiva nuclear.

Risco de ataque nuclear norte-coreano
O discurso norte-coreano é de afirmação de sua soberania nacional: o país considera que deve ter o direito de promover seu próprio programa nuclear à revelia dos acordos internacionais estabelecidos pela Organização das Nações Unidas.
“A República Popular Democrática da Coreia é uma superpotência nuclear responsável e como nação pacificadora fará todo o possível para alcançar o objetivo nobre de defender a paz e a estabilidade do mundo”, afirmou a apresentadora da TV estatal KCTV, Ri Chun-hee.
Não é isso que entendem os chefes de Estados dos países mais ameaçados pelo armamento norte-coreano. O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-In, o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e o presidente dos EUA, Donald Trump, condenaram a ação.

A Casa Branca divulgou dois comunicados relativos a conversas que Trump e os governantes de Coreia do Sul e Japão tiveram. Eles destacaram a “grave ameaça que a última provocação da Coreia do Norte deixa cair sobre o mundo inteiro” e que o disparo do míssil é um “ato violento que não pode ser tolerado”.
As três nações solicitaram uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, que deve acontecer na próxima quarta-feira.
Em comunicado da ONU, o secretário-geral da organização, o português Antonio Guterres, recomendou a Kim Jong-un “desistir de tomar qualquer possível passo desestabilizador no futuro”. As eventuais repreensões, sanções ou punições à Coreia do Norte serão discutidas no encontro.
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