Hoje, estão na moda os termos “ecologicamente correto” e “sustentabilidade”. Mas será que todo mundo tem a consciência adequada para vestir essa camisa? Por trás do modismo verde, o que vemos é poluição, desmatamento, consumismo exacerbado, desperdício e muita falta de informação. É verdade que muitos de nossos recursos naturais podem estar com os dias contados por causa de todo esse descaso com o meio ambiente. Mas as pessoas perguntam: será que isso vai mesmo nos afetar? E será que realmente podemos fazer algo para melhorar a situação? A resposta de ambas as questões é a mesma: sim.
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Dia 22 de abril é o Dia Internacional da Terra. A data remete a 22 de abril de 1970, dia em que o então senador americano Gaylord Nelson comandou o primeiro protesto nacional contra a poluição e a degradação ambiental. Desde então, a humanidade tem ficado mais alerta para esses problemas – porém, não o suficiente. Atualmente, utilizamos 30% mais recursos do que a Terra é capaz de renovar em um ano. Qual foi a última vez em que você pensou em fazer algo a favor do mundo em que vive? Atitudes aparentemente pequenas, como evitar desperdícios, contribuir com a coleta de lixo seletiva, e até pegar carona com amigos, podem fazer a diferença.
A falta d’água é iminente e a demanda só aumenta. As pessoas ainda não perceberam o quanto o desperdício é prejudicial
O ambientalista Jorge Alberto Saboya, engenheiro químico e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), diz que o alarde em torno da questão ambiental, apesar de exagerado, tem fundamento. “Tem gente que já afirma que o mundo vai acabar daqui a tantos anos, entre outros exageros. Em parte, isto é bom, pois a pessoa ameaçada tende a fazer de tudo para se proteger, o que pode gerar a conscientização de que precisamos mudar nosso comportamento. Mas acredito que a situação só se reverterá quando houver investimento e atenção devida para a educação ambiental”, afirma Saboya. Ele relata que, nos países centrais, a regulamentação e os esforços da população para conter a degradação são maiores. “Na Itália, por exemplo, a cada dia da semana passa um caminhão de lixo diferente: na segunda-feira, recolhem vidros, na terça, papéis etc. Quem descumprir leva uma multa de 30 euros. Na Europa, já destruíram muito a natureza, então eles estão cuidando do pouco que resta. Mas não podemos esperar as florestas acabarem por aqui para começarmos a ter outra postura”, observa o professor.
Segundo Jorge Saboya, o grande problema está no cumprimento das leis e na falta de informação. “A nossa legislação ambiental é uma das melhores do mundo, mas o respeito é quase nulo. Isso é resultado da falta de educação. O meio ambiente é tratado em escolas como algo isolado, mas deveria ser um tema multidisciplinar. Tem gente que quer defender o mico-leão-dourado e não sabe que a sua extinção é culpa do desmatamento, da mesma forma que boa parte das pessoas não se dá conta de que a dengue é um problema ambiental também”, explica. A ameaça em relação à Mata Atlântica, por exemplo, é assustadoramente real: da cobertura original de 1.300.000 km², apenas 7% está preservado. Ou seja, 93% do que havia da formação vegetal já foi devastado, segundo dados da ONG SOS Mata Atlântica, fundada em 1986.
As florestas sofrem com a exploração irracional de seus recursos, mas não são apenas a flora e a fauna que estão em desequilíbrio. Embora seja chamada de “Planeta Água”, a Terra tem aproximadamente 97% de sua água salgada, enquanto apenas 2,7% é doce e não está disponível à população por estar congelada. Resta, assim, menos de 1% de água líquida e potável para o uso – em rios, lagos e, principalmente, no subsolo. “A falta d’água é iminente e a demanda só aumenta. As pessoas ainda não perceberam o quanto o desperdício é prejudicial. Além disso, programas de reaproveitamento, que retilizam a água proveniente de banheiros e da chuva para uso em descargas de vasos sanitários, são exemplos de iniciativa pública que deveriam ser adotados por todos os estados”, afirma afirma o engenheiro e ambientalista David Zee, professor do Departamento de Oceanografia e Hidrologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).