Sonho X Realidade

Não é nada fácil encarar a vida pós-faculdade. Afinal, o competitivo mercado de trabalho não é um ambiente dos mais acolhedores. Muitas vezes a realidade se mostra bem distinta dos planos traçados lá atrás, ao entrarmos na universidade. E o resultado pode ser frustração, desânimo e a certeza de que tudo não depende apenas dos seus diplomas. Conversamos com alguns profissionais para saber sobre suas realizações e expectativas na carreira.

É verdade que alguns já trabalham com o que sempre sonharam, mas outros ainda procuram uma oportunidade para mostrar o seu valor. Por exemplo, a musicista Mônica Conti, 43 anos, diz ter dificuldades com o mercado de trabalho na sua área. “Infelizmente, a profissão de músico no Brasil não é muito valorizada. O mercado é muito restrito”, conta. Mas mesmo frente a limitações, ela tem motivos de sobra para se orgulhar de si mesma. “Fiz pós-graduação, trabalhei no Conservatório Brasileiro de Música e fui fundadora e diretora de uma escola de música que funciona até hoje. Lembro-me que não foi fácil manter o empreendimento, mas sempre tive muito apoio, principalmente da família e dos amigos”.

As pessoas estão mais conscientes da necessidade de estarem em constante desenvolvimento e estão buscando mais ferramentas que lhes traga possibilidade de crescimento profissional

Com mais de 20 anos de experiência na indústria do petróleo, o geólogo Ricardo de Campos só conseguiu se realizar profissionalmente nos EUA. “Trabalhei por muito tempo numa empresa brasileira, mas percebi que eu ainda poderia crescer dentro da minha área. Em 2001, fui trabalhar em Houston, onde pude comprovar que os brasileiros podem alcançar o sucesso profissional fora de seu país”, conta Ricardo.

Não é segredo para ninguém que se a pessoa encontra uma profissão da qual realmente gosta, maior será sua motivação e mais chances terá de ser produtiva, alcançando seus objetivos. No entanto, Esther Diego, sócia-proprietária da Agilitté, empresa de assessoria em gestão de carreira, frisa que tão importante quanto a empolgação é o profissional se preparar e saber onde pode e quer chegar, trabalhando para atingir suas metas.

A vida de Osmara Nogueira, 49 anos, advogada, é prova de que dedicação e esforço dão resultado. Ela trabalhou durante anos como secretária numa multinacional, mas sua verdadeira ambição era fazer Direito. Agora formada, afirma que todos saem da faculdade com muitos sonhos, mas a realidade é muito diferente do que se imagina. “Enfrentamos uma competição muito grande. Por isso, é importantíssimo aproveitar ao máximo o que é ensinado na faculdade e continuar se especializando através de cursos, palestras, mestrado etc. Só assim o profissional poderá ser bem sucedido”, garante. E completa: “Ainda não me sinto realizada, mas com certeza em breve me sentirei. Dedicação, principalmente no início da carreira, é de suma importância. E se estamos fazendo aquilo de que gostamos, certamente nos tornaremos bons profissionais”.

Investindo na pós

No disputado mercado de trabalho, é certo que perseverança e estudo contínuo são duas chaves para o sucesso. Segundo a consultora Esther Diego, os brasileiros já estão apostando na formação. “As pessoas estão mais conscientes da necessidade de estarem em constante desenvolvimento e estão buscando mais ferramentas que lhes traga possibilidade de crescimento profissional, como cursos de graduação, MBAs, cursos de aperfeiçoamento e cursos de idiomas”.

Ao terminar a faculdade de Ciências Biológicas, Leandro Mattos, 24 anos, decidiu engrenar um mestrado. “Em seguida, pretendo dar continuidade aos meus estudos, quem sabe um doutorado, já que não encontrei colocação no mercado de trabalho”, conta. Já Pilar Magnavita, 24 anos, jornalista, não vê na graduação da faculdade sinônimo de conhecimento e capacitação profissional. Por isso, ela pretende se pós-graduar, garantindo uma especialização. “O importante é não ficar parado”, revela. E sonha alto: “Me vejo trabalhando no Mercosul, com Relações Internacionais”, planeja.

Kelle Duvanel, 33 anos, médica, também pensa que a disponibilidade diária para o aprendizado é vital na conquista de novos objetivos e na busca por um futuro satisfatório. Segundo a médica, o mais difícil na vida pós-faculdade foi cair na real e perceber quanta responsabilidade teria pela frente. Para ela, este foi o seu maior desafio. Com o tempo, ganhou segurança, destreza e agilidade para diagnosticar, tratar e curar seus pacientes. Mas garante que isso sempre será um aprendizado diário.

Repensando o futuro

Para quem está estagnado no mercado ou ainda não se realizou profissionalmente, nem tudo está perdido. Existem muitas empresas de gestão de carreira, como a Catho e a Agilitté. Através de programas como gerenciamento de carreira e coaching, consultores especializados auxiliam no preparo de um projeto voltado para o crescimento do cliente.

De acordo com as companhias, o brasileiro é muito otimista e não pensa duas vezes antes de buscar uma solução para melhorar o desempenho profissional, mesmo que isso signifique suar a camisa. Para as mulheres, uma vantagem: o preconceito diminuiu bastante, já que o mercado adotou uma postura de análise das competências e experiências profissionais. A consultora Esther Diego prevê: “A tendência de mercado são mulheres assumindo cargos tradicionalmente ocupados por homens, principalmente os de alto escalão”. Mas, calma, há vaga para todos, desde que obstáculos não as impeçam de lutar pelos objetivos. E, é claro, além de uma pitadinha de sorte, o negócio é aprender, sempre.