Yahoo deixa de ser Yahoo: afinal, o que é que está acontecendo?

Conhecido por seu buscador (antes mesmo do Google!), o Yahoo tornou-se uma gigante da tecnologia por oferecer uma variedade de serviços, como portal de notícias, servidor de e-mail e aquisições importantes – o site de fotos Flickr e, há não muito tempo, o publicador de notícias (e memes) Tumblr, por exemplo.

Quando foi criado, em 1995, o Yahoo deslanchou com o crescimento da internet. Mais de 20 anos depois, ela ainda tinha forte presença na rede (sendo o 3º site mais procurado, segundo dados atualizados da ComScore), mas uma sucessão de acontecimentos fez com que a sorte mudasse para o lado deles. 

Vendido, nem mesmo o nome da empresa será mais mantido, após conclusão da venda para a Verizon – que no Brasil é dona da Embratel.

O Yahoo foi adquirido por US$ 4,8 bilhões (cerca de R$ 16 bilhões) e, em breve, deve se tornar Altaba.

Abaixo, entenda tudo o que aconteceu: 

Desvalorização do Yahoo

Entre os principais motivos para o Yahoo ter desvalorizado com o passar dos anos estão: alta competitividade dos gigantes Google e Facebook; perda de identidade, uma vez que o sistema de algoritmos de busca do Google reduziu drasticamente a busca pelos usuários dentro do Yahoo; e falta de atualização de seus negócios, entre outros motivos.

Essa soma fez com que a queda do Yahoo fosse brusca: a empresa, que chegou a valer US$ 125 bilhões, foi desvalorizada em centenas de bilhões de dólares. (O valor de venda corresponde a apenas 4% do que a empresa já foi um dia.)

“A cultura desenvolvida no Yahoo parece ter falhado no grande esquema das coisas. No Google, por exemplo, engenheiros são supervalorizados, por isso conseguiram atrair os melhores”, analisou Igor Markov, professor de ciência da computação da Universidade de Michigan. Além disso, o “Yahoo não foi tão bem-sucedido em suas aquisições e sua integração, perdendo diversas oportunidades de marketing”.

Há um fato que corrobora a teoria de Markov. Em 2013, o Yahoo comprou o Tumblr por US$ 1,1 bilhão; três anos depois, a companhia reduziu seu valor para US$ 482 milhões, ou seja, uma perda de mais da metade.

Segundo a rede de televisão CNN, a falha foi atribuída a uma meta ‘ambiciosa’ de vendas a partir dos anúncios na plataforma do Tumblr, que deveria chegar a US$ 100 milhões. Os custos foram altos, a meta não foi atingida e o baque atingiu as ações da empresa.

1 bilhão de contas hackeadas

De todas as adversidades do Yahoo, a mais grave foi a exposição de contas de e-mail, telefone e dados pessoais de mais de 1 bilhão de usuários no final de 2016 – algo ainda mais grave do que a exposição de 500 milhões, já registrada em 2014.

O chefe de segurança da informação da empresa disse que os ataques hackers vieram a partir de cookies forjados, ou seja, a implantação de códigos que invadem os cookies, informação registrada no navegador que memoriza senhas e logins de acesso.

Por conta desse vazamento, a Verizon, que estava em processo de compra do Yahoo, exigiu que a empresa encontrasse uma solução para o problema. “Acho que temos uma base razoável para acreditar que o impacto é material e estamos de olho no Yahoo para que nos mostre o impacto total”, disse após o acontecido o advogado da Verizon, Craig Silliman. “Se eles acham que não há impacto nos usuários, então terão que nos provar isso”.

Altaba: novo Yahoo

As falhas de negócio do Yahoo fizeram com que a empresa fosse desvalorizada. Mas, dois fatores fizeram com que ela ainda se mantivesse, segundo analistas financeiros: a alta participação que possuía do grupo chinês Alibaba, responsável pelo famoso site de compras AliExpress; e a lucratividade do Yahoo! Japan. Juntos, os dois negócios compõem 74% do valor total do Yahoo.

É exatamente o peso do Alibaba que justifica a alteração para Altaba, combinação de ‘alternativo’ e ‘Alibaba’, de acordo com o Wall Street Journal.

Nessa mudança, a CEO do Yahoo Marissa Mayer – que chegou a ganhar mais de R$ 600 milhões num período de quatro anos na empresa – não deve continuar no cargo. O cofundador do Yahoo, David Filo, assim como diversos executivos de alto escalão também não devem prosseguir no Altaba, negócio que possui um futuro tão incerto quanto a derrocada de um dos sites mais populares da internet.

Fracasso: do perigo à realidade