
Lucas Gabriel Zanzini Nasciben, de 4 anos, sem dúvidas é uma criança especial. Portador do Transtorno do Espectro Autista (TEA), ele adorava sentar ao lado de seu avô, Abelardo Plinio Zanzini, e observá-lo enquanto lia revistas sobre administração.
O avô do pequeno morreu no ano passado, mas o hábito de folhear as revistas se manteve vivo. Mesmo após a partida do vovô Abelardo, Lucas continuou se divertindo passando as páginas.
Só que as edições foram se deteriorando, deixando Lucas muito triste. Após saber da história, a editora se comoveu e não só enviou novas edições para o pequeno, como fez uma capa especial, em homenagem a ele e ao avô.
Leitura era momento especial entre avô e neto
Segundo Giovana Silva Zanzini, a filha de Seu Abelardo e também mãe de Lucas, seu pai sempre foi administrador e mesmo depois de aposentado, continuava exercendo a profissão.
Além disso, periodicamente, o Conselho Regional de Administração de SP (CRA – SP) enviava a revista do administrador ao Seu Abelardo, que sempre chamava o neto para lhe fazer companhia durante a leitura.

“Ele sempre pegava [as revistas] na caixa de correspondência, e depois de ler, sempre que eu chegava com o Lucas na casa dele, dizia: ‘Lucas, vamos ler a revista do Administrador’. Sentava com o Lucas no sofá e o Lucas folheava as revistas com muito interesse. Sempre achamos aquilo engraçado e meu pai comentava que o Lucas seria administrador como ele”, disse Giovana.
A leitura se tornou um momento íntimo entre avô e neto e Lucas acabou pegando gosto por folhear as revistas ao lado do vovô Abelardo. De acordo com Giovana, ele era o xodó de seu pai. “Somo uma família muito unida, e este neto foi muito desejado por ele, pai de duas filhas mulheres”.
Seu Abelardo faleceu, mas Lucas continuou com as revistas
Em abril do ano passado, Seu Abelardo morreu e Lucas perdeu não só seu avô, mas também o parceiro de leitura. Só que o pequeno continuou observando as revistas.

Com a morte de Seu Abelardo, a família não recebeu mais exemplares e de tanto Lucas folhear os que restaram, as páginas começar a cair e rasgar, deixando o pequeno muito triste.
Por conta do autismo, Lucas “é uma criança em processo de aquisição de fala, mas ainda considerado não-verbal”, explicou Giovana, mas quando a capa de uma das revistas se soltou, ele mostrou tristeza: “Chorou, apontou para elas. Minha mãe e eu passamos durex e as grampeamos várias vezes. Mas não adiantava mais”, disse a mãe do pequeno.
Certo dia, a avó de Lucas, Dona Graça, registrou o momento em que ele estava lendo uma revista e compartilhou as fotos no grupo de WhatsApp da família com a seguinte frase: “Lucas está se preparando para mais uma reunião!”.

A partir dos registros feito pela mãe, Giovana teve a ideia de escrever ao CRA-SP contando a história e aproveitou para pedir alguns exemplares antigos para o filho.
Novas revistas e capa especial deixaram Lucas muito feliz
“Eles prontamente me responderam, dizendo que seria possível sim o envio das revistas e ainda demonstraram preocupação, pois a capa da revista havia sido reformulada. Me perguntaram se ele reconheceria a revista, mas que de qualquer forma, enviariam alguns exemplares antigos. Deixei claro que não queríamos atrapalhar, era só para o Lucas ter algumas revistas com ele”, contou.
Poucos dias depois, os exemplares chegaram na casa de Giovana, que registrou o momento de alegria do filho abrindo os pacotes e se deparando com suas revistas novas.

Além dos novos exemplares, o pequeno ainda ganhou uma linda surpresa: uma capa exclusiva em sua homenagem e de seu avô que trazia uma foto do pequeno lendo a revista com a seguinte chamada: “Lucas: Leitor do Ano”.
O sorriso de Lucas estampado no rosto ao segurar sua edição especial é de emocionar qualquer, assim como fez com toda a família, que chorou de alegria.

Agora, Lucas vai poder se divertir com as novas edições por bastante tempo e, de acordo com a mãe do pequeno, ele fica para lá e para cá com as revistas que recebeu.
“Lucas seguirá lendo as revistas do vovô!”, finalizou Giovana.