Cega de amor > Sinais de alerta

Aviso amigo

Nesse meio tempo, todos já haviam alertado Monick de que tinha alguma coisa estranha no ar. O fim do relacionamento começava a se aproximar quando rapaz arrumou um trabalho noturno. Ele chegou a pedir que Monick não ligasse durante o expediente, alegando que havia câmeras espalhadas por todos os lados. Ela, mais uma vez, concordou. Até que o réveillon chegou, sem que passassem a virada juntos. O celular estava fora de área e Monick não conseguiu falar com o namorado. Às duas da manhã, quando finalmente conversaram, ele brigou com Monick e desapareceu por mais de duas semanas. Reapareceu para terminar. Poucos dias depois, o moço já estava namorando outra, que conhecera no novo emprego.

Para Monick, só existe uma justificativa: “Estava apaixonada e ponto. Paixão é muito forte. Ficava enfeitiçada com a presença dele. Não acreditei que ele tivesse começado um outro relacionamento tão rapidamente. Fui cega, definitivamente”, define a pedagoga. Ela, no entanto, não se arrepende. “Parece chavão falar, mas acredito que as coisas não acontecem por acaso. Tinha que viver isso. Sinto raiva, mas não vejo como tempo perdido, mas sim como uma experiência desagradável”, revela.

Casos comuns

Casos como o de Monick acontecem a toda hora nas mais variadas versões. Mas, afinal, por que a paixão é cega? Para o psicólogo Aílton Amélio da Silva, coordenador do Centro de Estudos da Timidez e do Amor, do Instituto de Psicologia da USP, cegueira não é a melhor palavra para associar à paixão. “Eu diria que o amor é míope e o namoro ou casamento é um bom par de óculos. Faz parte do processo de apaixonamento a idealização”, afirma o autor dos livros “No mapa do amor” e “Para viver um grande amor”, ambos da Editora Gente.

Em níveis normais, no estado de apaixonamento, a pessoa tira o interesse do mundo externo e se volta para o companheiro, segundo a especialista em relacionamento amoroso Mariana Matos. “Ela foca na outra pessoa, esquece-se dela, do trabalho, dos amigos. Mas isto, obviamente é moderado. E dura certo período de tempo, depois ela volta às atividades cotidianas”, explica.