Competição feminina > Rivalidade x competitividade

Segundo a psicóloga Olga Tessari, faz parte da natureza humana querer ser o melhor, o mais bonito, aquela pessoa que se destaca no meio da multidão. “A competitividade feminina está ligada à cultura. Ela sempre existiu, pois das mulheres sempre é exigido o máximo: tem que ser boa como dona-de-casa, mãe, esposa, profissional, em tudo. Então, nada mais ´natural´ do que elas competirem entre si a respeito de quem é a melhor, seja em que quesito for”, afirma. Para ela, a competição é saudável, porque faz com que a mulher melhore a si mesma para se destacar entre as outras.

Tem dias em que cruzo com algumas mulheres na rua, elas estão tão lindas, que fico me sentindo um lixo, mesmo se estiver arrumada

Já a rivalidade, quando surge, traz consigo o sofrimento, o ciúme, a inveja, a irritação, a diminuição da auto-estima – principalmente diante de uma vitória da rival. Com isso, ocorre uma mudança de atitude. “A depressão leva a mulher a ter comportamentos fora do comum e exacerbados, como gastos exagerados ou compulsivos para poder estar à altura da outra ou mesmo superá-la; fazer jogos, alianças, acordos e estratégias; ser dissimulada. Isso geralmente acontece com mulheres que se sentem inseguras com relação ao seu corpo ou quanto à sua capacidade intelectual”, ressalta a Dra. Olga.

A psicóloga Silvana Martani tem uma visão parecida. Ela acredita que competir em qualquer área é seguir regras, se preparar, desenvolver competência, se superar. A rivalidade inviabiliza a competição, pois não obedece regras, desvaloriza competências e joga sujo com o adversário. Para certas personalidades, diz ela, ser competitivo é uma característica, mas entre as mulheres se intensifica pela educação recebida desde a infância e pela forma como isso é levado para a vida adulta. “O mundo em que vivemos reflete o que existe em muitos lares. Quanto mais se valorizam as aquisições materiais, mais se incentiva a competição desleal”, opina.

Aparência

Você já ouviu falar naquele ditado que diz que as mulheres se vestem para as outras mulheres? Ele tem um fundo de razão. A psicóloga Silvana Martani afirma que a primeira idéia que passa na cabeça delas, quando capricham no visual, é afastar a concorrência. A estudante Andréa Ribeiro concorda. “Sempre fico grilada quando vejo alguém com uma roupa mais legal do que a minha. Tem dias em que cruzo com algumas mulheres na rua, elas estão tão lindas, que fico me sentindo um lixo, mesmo se estiver arrumada”, confessa. Juliana Dias é uma das que não abre mão de uma produção, sem deixar de conferir a das outras. “No metrô, eu vejo mulheres indo trabalhar produzidíssimas, cheirosas, se achando o máximo. E eu noto que os homens prestam atenção, mas as outras mulheres prestam mais atenção ainda”, analisa.