Pois é, eu voltei da China e pedi demissão. Mas como assim?, você deve estar pensando, essa mulher é maluca ou o quê? Talvez tenha sido um pouco de maluquice pedir demissão sem ter outro emprego em vista, mas se não fosse assim no impulso eu não teria tido coragem.
Não sei explicar como, mas essa viagem à China me fez ver que o mundo lá fora é muito maior do que a gente imagina. Costumamos achar que nossos problemas são enormes (e às vezes são, mas acredito também que fazemos muita tempestade em canequinha) e que tudo revolve em volta da nossa vida. A China me fez ver, entender e aceitar, sei lá por que razões, que às vezes quando não estamos muito felizes, que é meu caso agora, vale a pena largar tudo que não está funcionado e começar de novo. Olha, não acha que foi fácil não. Fiz as contas e tenho grana pra sobreviver durante uns dois meses sem trabalhar, mas claro que que desde que pedi demissão já pensei em como vou pagar as contas se eu não conseguir emprego nesse tempo. Não me levem a mal, eu podia estar feliz com a vida que tenho, podia continuar trabalhando no que eu estava fazendo e ganhando bem, mas sei lá não tô feliz. Tenho a sensação de que algo está faltando. O que é esse algo, eu ainda não descobri.
Não sei se vocês já passaram por isso, mas nada está claro, não vejo qual direção seguir, nem profissional, nem pessoal. Às vezes penso em ficar dois meses no Brasil pegando sol em Ipanema, às vezes penso que preciso buscar minha sintonia interna e passar alguns meses num monastério na Índia
Acho muito interessante quando recebo e-mails de leitores dizendo que queriam ser como eu, que minha vida deve ser o máximo, pois moro em Londres e viajo pra caramba. Sim, foi uma grande realização vir pra Londres com uma mão na frente e a outra atrás e ter conseguido me estabelecer numa sociedade que é bem diferente daquela na qual cresci. Mas veja bem, isso não significa que minha vida é conto de fadas. Não é. Esse momento pelo qual estou passando é um bom exemplo.
Não sei se vocês já passaram por isso, mas nada está claro, não vejo qual direção seguir, nem profissional, nem pessoal. Às vezes penso em ficar dois meses no Brasil pegando sol em Ipanema, às vezes penso que preciso buscar minha sintonia interna e passar alguns meses num monastério na Índia, às vezes penso que tenho que ficar por aqui mesmo e procurar emprego. Mas no fundo, no fundo, não sei qual dessas opções é a melhor. Ou se devo seguir outra direção completamente.
Eu estava conversando com a Marina, amiga minha aqui de Londres, e ela mencionou que conhece várias pessoas que estão nessa mesma busca por esse algo que está faltando. São pessoas que querem fazer a diferença para o mundo. Então, não estou sozinha. Essa coluna é para todos vocês que estão em busca daquele ‘algo que está faltando’, seja no campo profissional, pessoal ou nos dois. Tenho certeza que uma hora vamos encontrar o que estamos procurando.