E já que falamos em mulheres, razão maior da existência do site “Bolsa de Mulher”, vale destacar que Narcisa Amália foi uma das primeiras poetisas brasileiras.
Do período do Parnasianismo vale destacar Olavo Bilac (1865-1918), o médico que virou jornalista e teve “a carreira poética mais triunfal da literatura brasileira”, segundo Alexei Bueno. Bilac, autor dos famosos versos “Ora (direis) ouvir estrelas! Certo, Perdeste o senso! E eu vos direi, no entanto, Que, para ouví-las, muita vez desperto E abro a janela, pálido de espanto …”, tinha fama de “grande erótico”, embora nunca tenha sido visto com uma mulher. O tempo continuou passando, surgiram novos poetas e veio a fase do Modernismo. Uma de suas maiores estrelas foi, sem dúvida, Manuel Bandeira, que escreveu: “Eu faço versos como quem chora, de desencanto/ Meu verso é sangue. Volúpia ardente/ Tristeza esparsa… remorso vão…”. Depois foi embora pra Pasárgada, pois lá era amigo do Rei e tinha a mulher que queria na cama que queria.
Eu canto porque o instante existe e a minha vida esta completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta
Menotti del Picchia também colocou as mulheres nas estrelas ao dizer que “Toda história de amor só presta se tiver, como ponto final, um beijo de mulher!”. E Cecília Meireles foi definitiva ao escrever: “Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta”. E ainda faltou falar de Carlos Drummond, que criou polêmica ao dizer que “no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho” e fez lirismo ao lembrar do futuro de sua terra natal: “(…) Itabira é apenas um retrato na parede. Mas como dói!”.
E como esquecer de Mário Quintana e de Vinicius de Moraes? Ninguém mais cantou e encantou as mulheres que o doce poetinha que disse certa vez: “De tudo, ao meu amor serei atento antes…” e “que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure”. E ainda teve o Concretismo, Haroldo e Augusto de Campos, Ferreira Gullar e seu poema sujo, Cora Coralina, João Cabral de Melo Neto, a Poesia Militante, Thiago de Mello, Hilda Hilst, a Poesia Popular, uma tal de Poesia Práxis e a Poesia Marginal, vendida em cópias mimeografadas ou “xerocadas” nas portas de bares, teatros e restaurantes.
Faltou falar de muita gente, mas vale lembrar que hoje a poesia também está na Internet. É só clicar a palavra “poesia” em sites de buscas ou sites de relacionamentos no Orkut que milhares e milhares de páginas aparecerão. O publicitário e professor universitário Sebastião Martins, criador do blog “Poesia e Companhia”, lembra o José de Anchieta do início deste texto para afirmar que a poesia não mudou e continua viva no dia em que comemora o seu dia: “Escrever na Internet não é muito diferente de escrever na areia. Eu às vezes faço versos direto no computador e até esqueço de salvar. Sei que posso perder tudo”.
p.s.: já que estamos em época de declaração de Imposto de Renda, vale contar que antigamente na Irlanda os poetas eram livres do “leão”, pois eram isentos desse encargo.