Mi Buenos Aires querido > Uma cidade noturna

Mal a Catedral Metropolitana badala as dezenove horas e todos os portenhos saem às ruas em busca de diversão. A noite está apenas começando para uma cidade que dorme pelas quatro da manhã. Uma brisa suave e gelada faz os visitantes acostumados com o calor se enroscarem em seus longos casacos de lã. Os carros enchem as ruas e os letreiros luminosos indicam um único destino: as casas de tango.

Sejam elas caras ou baratas, as casas que apresentam espetáculos típicos da cidade estão basicamente no Centro. Por 30 pesos, o visitante assiste a uma apresentação no Café Tortoni, que é a Confeitaria Colombo de Buenos Aires. Ele foi o primeiro café da cidade e durante a ditadura reuniu em seus salões poetas, artistas, comunistas e escritores contrários ao governo. No segundo andar da confeitaria, está a Academia Nacional de Tango, que oferece aulas de um dia para turistas e estrangeiros.

No entanto, quem prefere ver um espetáculo menos turístico e mais portenho pode ir a Esquina Homero Manzi, considerada a melhor casa da cidade. O nome é em homenagem ao compositor das letras de Carlos Gardel, autor de “La Comparsita”, “Caminito” e outros sucessos. Por 120 pesos, pode-se assistir dois belíssimos espetáculos, capazes de tirar o fôlego até das mal-amadas.

Outro programa obrigatório é jantar um típico churrasco argentino regado aos bons vinhos das províncias vizinhas. O bife de chorizo é o que mais faz sucesso entre os brasileiros, por ser um corte mais macio e saboroso do contra-filé. Depois, para eximir-se de qualquer culpa quanto à saborosa refeição, o bom é caminhar até a Galeria Pacífica e entrar no negativo de vez.

os homens portenhos são denunciados pela elegância e pelo assanhamento

Lá dentro, o tempo parece perder sentido. Várias grifes como Ermenegildo Zegna, Dior e Armani expõem suas roupinhas em lojas próprias ou nas multimarcas. A galeria por si só conspira para qualquer um se sentir em Milão, o centro da moda: o piso é trabalhado em mármore e as paredes exibem pinturas de italianos famosos como Michelangelo.

De um lado para o outro é possível reconhecer as portenhas que passam ligeiras. Sempre bem maquiadas, perfumadas, cabelos armados e calçando botas de couro. Já os homens portenhos são denunciados pela elegância e pelo assanhamento, pois é comum passar por eles e ouvir um “Hola, chica! Que tál?!”. É de levantar qualquer um.