Mulher de 40

Elas querem tudo! Filhos, amores, carreira, beleza e realização. E isso tudo, aos 40. Exemplos de mulheres que chegaram lá (ou quase lá) com tudo em cima, não faltam. Luma de Oliveira, Luiza Brunet, Cissa Guimarães e Malu Mader são algumas das que representam bem a maturidade que a idade proporciona. E toda essa bagagem de vida acompanhada por uma pele impecável, um bumbum durinho e cabelos macios a brilhantes. Ah, isso sem levar a listagem de pós-graduações, mestrados e doutorados que o tempo permite. Ufa! Parece muito? Elas querem ainda mais.

A entrada nos quarenta, de crise, não tem nem sombra. Ser trocada por duas de vinte é um passado distante. Elas, inclusive, trataram de arrumar namorados novinhos em folha – e, de preferência, com alguns anos a menos. Sem a pressa de correr contra o relógio – afinal, aos 40, somos tão jovens –, vislumbramos um futuro promissor e cheio de expectativas. Roberto Carlos já cantava, há sete anos, os encantos da idade. “Olhar de quem sabe um pouco da vida. Conhece o amor, quem sabe uma dor. Ela é uma mulher, que sabe o que quer”, diz a letra de Mulher de 40.

O rei não está sozinho em seus versos. “Eu adoro! Mulheres nessa idade são mais equilibradas, sabem o que querem, e como agradar um homem”, define o assessor de imprensa André Gonzalez. Aos 25 anos, André é um dos jovens que se encanta com as qualidades desta fase da vida. Já Fidélis Alcântara, 31 anos, teve a oportunidade de aprender com uma quarentona. “Tinha 21 quando me encantei com uma amiga da mãe de um amigo meu. A gente se conheceu numa viagem em grupo, e na época ela estava com 42. Seu corpo nem era tão bonito, mas tinha um olhar e um jeito de conversar super-sedutores. Ficamos juntos na viagem, e chegamos a sair algumas vezes depois disso. Aprendi muito, foi fantástico! Inclusive realizei fantasias que na época pareciam muito distantes”, recorda.

A psicoterapeuta Vera Soumar, ela mesma uma mulher na casa dos 40, entende a fascinação. “Os homens de 25 vão justamente atrás da vivência que as mais jovens não têm. E, para nós, tudo partiu da entrada no campo profissional. Conquistada a independência financeira, nos permitimos ir atrás de direitos que eram exclusivos dos homens, como é o caso de parceiros mais novos. Nessa idade, é freqüente estar saindo de um casamento frustrado. Os limites mudaram. Hoje, não é preciso casar para ter filhos, nem ter filhos cedo”, lista Vera Soumar.

Aos 44 anos, a advogada Teresa Cristina de Oliveira é a maior expressão de que a vida começa aos 40. Mãe de dois filhos adolescentes, Teresa nunca teve problemas em esconder a idade. “As pessoas até se surpreendem quando conto. Sempre digo que não tenho mais idade, tenho calibre. Depois dos 40, obviamente o físico não é mais aquele dos 20 anos. Mas no meu caso isso não é problema, pois aos 20 eu era tão magra, mas tão magra, que tinha pouca carne pra exibir. Agora estou mais pedaçuda”, avalia, com o bom humor típico das bem resolvidas. Internamente, a coisa não poderia estar melhor para a advogada. “A mente está ótima, na maior parte do tempo de alto astral. Depois dos 40, a gente mistura um pouco de espírito zen, para aproveitar mais a vida, enquanto que por outro lado cresce a impaciência com coisas sem importância”, explica. E quem não tem direito a momentos de impaciência?

Melhor do que isso, só mesmo as vitórias que o tempo conquista. “Como mãe, já passei da fase das fraldas, mamadeiras e chupetas. Dá pra ser mais amiga e menos educadora. Como mulher, não tenho mais as inseguranças da juventude. Quem quiser gostar de mim, vai gostar do jeito que sou. Como profissional, tenho experiência suficiente pra mandar às favas determinadas situações, e me impor quando necessário. E, como ser humano, olho para o futuro, com o passado servindo pra mostrar que as escolhas de vida, nele se refletem”, enumera. Em meio a tantas vantagens, dá até vontade de fazer o tempo passar mais rápido.

À medida que se descobre como é maravilhoso ser uma quarentona, a vergonha em admitir a idade vai pro ralo. A psicóloga Vera Soumar explica: “A idade cronológica não conta para todos. Aparentamos para os outros a idade com a qual nos sentimos. Quem se gosta, se cuida. O que faz diferença na aparência da idade não é a plástica, mas sim a pele, o papo, o astral”. Apesar disso, não é fácil encarar a mudança? A publicitária Maria Cristina Sampaio ainda não entrou nos enta, mas está quase lá. “Comecei a esconder a idade. Dependendo da situação, diminuo uns três anos, apesar de me orgulhar dos meus 38 por estar bem para a idade. A idéia de estar ficando coroa me assusta. Mas fazer o que, né? Também surge uma sensação de não ter mais tempo para errar, bater com a cara na parede e recomeçar”, lamenta. Por outro lado, Maria Cristina enxerga muitas vantagens nos anos que se aproximam: “Os 40 são um marco. Você se transforma em uma pessoa malandra, ainda com o frescor da juventude. Passa a ter mais discernimento e maturidade. Já preenchi algumas lacunas da vida, como é o caso dos meus filhos. Agora, é hora de estar mais madura e responsável. Traçar um rumo certeiro na vida, com objetivos concretos. O problema é que adoro uma farra. Minha cabeça e espírito são de uma mulher de 30, com corpo e cobranças chegando aos 40”, avalia.

A psicóloga Vera Soumar concorda: “Os 40 não são mais o fim da vida. As mulheres querem estabilizar suas carreiras, para depois pensar em ter filhos. Já as que tiveram filhos cedo, começam a se dedicar a si mesmas. São batalhadoras, em busca dos sonhos que não realizaram antes por viverem em função da família”, acredita. Verônica Gebara é psicóloga e terapeuta de família, além de fã fervorosa da idade. Na opinião de Verônica, a mudança no papel social da mulher exige uma maior dedicação e planos bem traçados. “Aos 40, ela está na flor da idade, com a corda toda. É uma moça, começando a vida! Os avanços da medicina também tiveram papel importante, pelo aumento da expectativa de vida. Além disso, é possível ter um filho nessa idade. Mais do que nunca, se ocupar é fundamental. Sem objetivos de vida, acabamos entrando em depressão. Filhos e casamento podem ser coisas muito boas, mas isso não satisfaz a pessoa como um ser próprio. É importante não parar, mantendo projetos de vida”, afirma Gebara. Se a primeira metade do caminho já foi boa, a segunda tem tudo para ser uma chance de recomeçar.