Enquanto o Royal Ballet embarca para sua turnê de verão na China e Japão, aqui, em Londres, contemplamos um período de estiagem. Não há nenhum espetáculo na agenda de dança, nos próximos dois meses, do mesmo nível artístico daqueles apresentados pela companhia residente no Royal Opera House, em Covent Garden. Uma das provas da importância da companhia é que, às vésperas do embarque para a turnê, sua diretora foi consagrada dama do império britânico (Dame Monica Mason).
Atualmente, a Royal Opera House vive uma fase próspera, tendo conseguido enfrentar o déficit orçamentário do final dos anos 90 com socorro conjunto dos setores público e privado (um bom exemplo para o nosso Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que agora passa por um período de reformas críticas) e investimento em talento global: o Royal Ballet conta com 19 primeiros bailarinos de 15 nacionalidades diferentes, dentre os quais, os brasileiros Thiago Soares e Roberta Marquez, a argentina Marianela Nunez (noiva de Thiago) e o lendário cubano Carlos Acosta.
Thiago parte corações dançando o romântico principe Siegfried e Marianela arrasa no duplo papel da trágica rainha dos cisnes Odette e da feiticeira Odile
Nenhuma outra companhia de balé no mundo tem essa diversidade de talento. E a casa sabe tirar vantagem desse multiculturalismo – que, aliás, é a cara de Londres – em entrevistas, campanhas de marketing, promoção em sites como YouTube, Facebook etc. O resultado é que os fãs de carteirinha como eu acabam indo a mais de uma performance do mesmo balé. Afinal, dançarinos como Edward Watson, Carlos Acosta, Johan Kobborg, Leanne Benjamin, Tamara Rojo e Alina Cojocaru imprimem em balés como “Manon” ou “Romeu e Julieta” suas respectivas marcas artísticas. Cada noite, em Covent Garden, é diferente da anterior.
E como vão se desempenhando nossos conterrâneos Thiago e Roberta no meio desse “melting pot”? Ao que parece, muito bem, obrigado.
Para os que gostam de um bom clássico, com direito a tutus, piruetas e pirotecnia, vale a pena conferir Thiago e Marianela, que estão agendados para abrir a temporada de outono da companhia no dia 4 de outubro, com “O Lago dos Cisnes”. Thiago parte corações dançando o romântico principe Siegfried e Marianela arrasa no duplo papel da trágica rainha dos cisnes Odette e da feiticeira Odile.
Os que preferem as coreografias teatrais de Kenneth MacMillan (“Manon”, “Romeu e Julieta”, “Mayerling”) podem conferir Roberta dançando pela primeira vez a cortesã Manon (em princípio, nos dias 4 e 27 de novembro). O balé “Manon” é uma das jóias na coroa do Royal, e Roberta, muito elogiada pelos críticos ingleses por seu début em “Romeu e Julieta” no ano passado, certamente, saberá dar a interpretação densa e dramática que o papel requer.
Gracas ao site YouTube também se pode acompanhar o talento do Royal Ballet a distância. Há vídeos de Thiago e Marianela voando pelos ares no pas de deux de “O Corsário” e há também Roberta dançando lindamente em “Symphonic Variations”, de Frederick Ashton. Esse balé de linhas puras e toques neo-clássicos é uma verdadeira instalação de arte. Com ele, dá para se ter uma boa idéia da riqueza coreográfica que artistas como Roberta saboreiam e nos fazem saborear em Covent Garden.
Ingressos para a temporada de outono/inverno à venda a partir do dia 15 de julho no site: www.royalopera.org
