Nesta quarta-feira (16) chegou ao catálogo da Netflix a série ” Anitta: Made in Honório”, segunda produção estrelada pela cantora para a plataforma. O documentário com seis episódios retrata não só a carreira, como também a vida pessoal de Anitta, e pela primeira vez a cantora falou sobre a violência sexual que viveu na adolescência.
Anitta fala sobre violência sexual
No final do primeiro episódio da série, entitulado “Anitta”, a cantora falou pela primeira vez sobre o estupro que sofreu de um rapaz que conheceu quando tinha por volta dos 14 anos.
Bem emocionada, a cantora descreveu o seu agressor como uma pessoa autoritária e afirmou que tinha medo dele.
“Oi, todo mundo, vamos lá. Eu nunca expus isso em público. Eu sempre me coloquei numas relações meio abusivas e, quando eu tinha, 14 para 15 anos, eu conheci uma pessoa. Eu tinha medo dele. Ele era autoritário comigo, falava de forma autoritária. Eu não sei, eu era diferente quando eu era adolescente, eu não era do jeito que eu sou hoje em dia”, disse.
Na sequência, Anitta relatou como ocorreu o abuso. A cantora afirmou que acabou tomando algumas decisões por medo do agressor e que ele agiu contra a sua vontade.
“Ele tava muito, muito, muito nervoso, muito estressado, e eu tava com bastante medo das reações dele, quando ele tava estressado. E eu acabei perguntando, se ele queria ir para um lugar só nós dois. Rapidamente, na mesma hora, ele parou o estresse dele. Ele perguntou se eu tinha certeza, eu falei que sim, mas hoje eu tenho plena certeza de que eu falei que sim, porque eu tava com medo do estresse dele, sabe? Quando eu cheguei lá, eu realizei que não era certo eu fazer aquilo por medo, nem nada, e eu falei que não queria mais. Mas ele não ouviu. Ele não falou nada. Ele só seguiu fazendo o que queria fazer, quando ele acabou, ele saiu, foi abrir uma cerveja, e eu fiquei olhando para a cama cheia de sangue”, afirmou.
Anitta revelou que por muito tempo sofreu com o que é chamado de culpabilização da vítima, que acontece quando a vítima de alguma violência se culpa e/ou é responsabilizada pelo ocorrido, e por isso não tornou o caso público anteriormente, pois temia a reação das pessoas.
“Faz muito pouco tempo que eu parei de achar que essa culpa é minha, faz muito pouco tempo que eu parei de achar que eu causei isso pra mim. E eu sempre tive medo o que as pessoas iam falar. Como ela pode ter sofrido isso e hoje ela ser tão sensual? Ser tão aberta? Fazer tanta coisa? Eu não sei”, disse.
Por fim, a cantora afirmou que transformou o trauma em força para conquistar os seus objetivos.
“O que eu sei é que eu peguei isso que eu vivi e transformei numa coisa pra me fazer sair por cima, me fazer sair melhor. Para todos vocês que se perguntam da onde que nasceu Anitta? Nasceu daí. Nasceu da minha vontade e necessidade de ser uma mulher corajosa e que nunca ninguém pudesse machucar, que nunca ninguém pudesse fazer chorar, que nunca ninguém pudesse magoar, que sempre tivesse uma saída pra tudo. Foi daí. Eu criei essa personagem aí”, finalizou.
No mesmo episódio, instantes antes do depoimento de Anitta, sua família falou sobre como a cantora se abriu sobre o ocorrido.
“Eu via ela triste de vez em quando, eu via ela chateada, mas para mim era aquilo, as coisas que ela não conseguia”, alertou Miriam Macedo, mãe de Anitta, sobre o comportamento da filha em relação ao trauma provocado pela violência.
Renan Machado, irmão da cantora, também comentou sobre a importância de Anitta ter desabafado sobre a violência que sofreu.
“Isso faz muito pouco tempo, ela chamou eu, meu pai e minha mãe para conversar. Ela pediu para que a gente nem olhasse para ela, só escutasse o que ela tinha para falar, porque ela estava começando a se boicotar, a não comer, a não estar feliz, e a criar defesas dentro dela para suportar esse segredo. Então ela resolveu colocar isso para fora, nos contar”, disse.
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