Gloria Maria inspirou coragem e liberdade em todas nós: da maternidade a segredo da idade

Com a morte da jornalista e apresentadora Gloria Maria, feitos marcantes de sua vida profissional foram muito exaltados em homenagens, mas as conquistas dela no trabalho estão longe de ser os únicos exemplos dados por ela.

Como mulher negra, Gloria inspirou suas iguais a sonhar alto. Como mãe de duas filhas desde 2009, ela trouxe à tona questões importantes sobre adoção e maternidade – e, independentemente do exemplo, honrou o nome ao simbolizar para qualquer mulher a liberdade e a coragem.

Gloria Maria é e sempre foi exemplo para todas as mulheres

Gloria Maria foi pioneira na TV e também em questões de empoderamento da mulher
Divulgação/Rede Globo

Na TV desde muito jovem, Gloria Maria foi a primeira jornalista a entrar ao vivo e a cores na televisão em 1977 pelo “Jornal Nacional”. Além disso, em 2007, ela participou da primeira transmissão televisiva feita em alta definição – e, apesar destas serem algumas das conquistas mais mencionadas quando se fala dela, Gloria foi exemplo com uma série de outras questões.

Além de ter inspirado muitas mulheres ao construir sua carreira de sucesso com muita força e competência, ela foi um exemplo ainda maior para mulheres negras e pessoas pretas de forma geral. Como primeira mulher negra a apresentar um dos programas de maior audiência na Rede Globo, o “Fantástico”, ela criou um modelo antes inexistente no meio, algo que foi exaltado por muitos nas redes sociais após sua morte.

Como frisado por muitos fãs da jornalista e pela colega de profissão de Gloria, Fátima Bernardes, na homenagem que fez para a amiga, ela também foi um grande exemplo de combate ao etarismo (preconceito relacionado a idade) – tudo isso mesmo sem tentar ser.

Mesmo quando questionada, Gloria Maria nunca revelou formalmente sua idade e, em meio a brincadeiras, deixou claro que esta era uma questão sem importância para qualquer um além dela. “Ela era, para mim, sinônimo de liberdade”, disse Fátima, que, no encontro, relembrou uma ocasião em que um posicionamento de Gloria sobre idade a ajudou.

Ao dizer que em algum momento “não poderia” mais usar roupas curtas, Fátima ouviu um comentário inspirador de Gloria, e a fala traduz o que ela mostrava a todos ao se vestir como queria sem se importar com comentários sobre sua aparência. “Ela falou: ‘Por que não? Você vai poder usar sempre, quando quiser’”, disse Fátima.

Após os 60, Gloria se tornou mãe – e, ainda que se conteste muito a decisão de mulheres que optam por viver a maternidade “mais tarde”, isso também serviu de exemplo para muitas outras, conforme exemplificado por Fátima em sua homenagem e mais fãs da apresentadora nas redes sociais.

“Ela teve a coragem e a liberdade de decidir quando ia ser mãe. Laura e Maria chegaram para complementar essa vida tão múltipla que conheceu de tudo – e conheceu também esse amor da maternidade”, disse Fátima sobre Gloria, que adotou as filhas em 2009 após conhecê-las durante uma viagem à Bahia.

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A temática da adoção, inclusive, foi outra em que Gloria ganhou um merecido reconhecimento. Na época, a apresentadora não tinha planos de ser mãe, mas tudo mudou quando conheceu Maria e, em seguida, a irmã biológica dela, Laura. Durante o longo processo de adoção, que durou quase um ano, ela chegou a se mudar para a Bahia para não ficar longe dela, e mostrou, com sua vivência, que adoção não é caridade, e sim algo cheio de amor.

Ela foi, inclusive, exemplo tanto para pessoas que construíram famílias através da adoção quanto para pessoas que foram adotadas.

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