O sol é um grande ativador de vitamina D em nosso corpo e o períneo, que fica entre o ânus e a vagina/saco escrotal, é uma região mais sensível. Durante a pandemia de Covid-19, algumas pessoas resolveram juntar as duas coisas no argumento único de que tomar banhos de sol na região seria uma excelente forma de gerar vitamina D no organismo e assim criou-se uma prática, no mínimo, curiosa.
Apesar de não ter comprovação científica, ocorreu a popularização do chamado ” perineum sunning“, que dura até hoje, nasceu no TikTok e consiste expôr a região ao sol alguns minutos por dia. Mas há riscos que precisam ser conhecidos. Entenda mais a seguir.
Tomar sol no períneo: o que é a técnica?
A prática do perineum sunning consiste em deitar de costas sem roupas, abrir as pernas e expôr as genitálias em direção ao sol. O mínimo é trinta segundos e, o máximo, cinco minutos. As promessas de benefícios, segundo uma antiga tradição taoísta, defendem que a luz solar “recarregaria” o corpo através do períneo, visto como um portal de energia.
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Outra justificativa seria que a prática estimula o autoconhecimento, principalmente entre as mulheres, já que tirar a roupa e entrar em contato com a região íntima seria uma forma de observar-se e tocar-se sem grandes pudores, o que contribuiria para uma maior liberdade sexual.
Vale lembrar, no entanto, que o mesmo pode ser feito sem expôr a região diretamente ao sol e, segundo a ginecologista e obstetra Carolina Curc, “não é comprovado que expôr o períneo ao sol traz benefícios à libido, como dizem”.
Há ainda o o argumento que a ação anti-inflamatória e bacteriostática (capaz de deter o crescimento patológico de bactérias) do sol seria benéfica, mas, além de também não ser comprovado, vale lembrar que certos horários passam longe da recomendação para um bronzeamento saudável, como os próximos ao meio-dia.
Riscos de tomar sol no períneo
Na prática, os adeptos não levam em consideração que, dependendo do fototipo da pele, uma queimadura pode acontecer com extrema facilidade – este foi o caso do ator norte-americano Josh Brolin, em 2019, ao realizar o perineum sunning pela primeira vez. “Estou colocando gelo e usando cremes contra queimadura por causa da gravidade da dor”, disse ele aos fãs na época.
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Segundo Carolina, a sensibilidade da região do períneo ainda propicia o aparecimento do câncer de pele, que acontece pelo crescimento desordenado de células anormais no tecido e é o mais frequente no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
“A depender da posição, a mucosa também pode ser exposta, o que queimaria ainda mais rápido. De fato, não há grandes vantagens para a absorção de vitamina D”, afirma a médica. O motivo seria que o tempo máximo indicado de exposição não é o suficiente para uma produção relevante.
