É com o passar dos anos que as crianças entendem quem são: o próprio nome, o conceito de serem cuidadas por alguém e o que é ter um corpo. Uma vez que saibam a funcionalidade de cada parte dele, a educação sexual entra como pilar fundamental para a educação de futuras mulheres saudáveis e independentes.
Ter uma base positiva – nunca pejorativa – do que é anatomia traz benefícios emocionais e físicos para toda vida. Quem se conhece mais, cuida com atenção da própria saúde, incluindo a íntima.
Educação sexual e saúde feminina
De acordo com dados coletados pelo IPEC (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), encomendados pela marca Gino-Canesten, 45% das entrevistadas sentem um certo desconforto em falar sobre sua saúde íntima, impactando diretamente em possíveis tratamentos necessários em caso de infecções e até no uso de preservativos.

Durante um evento promovido pela Bayer em São Paulo, a ginecologista Ornella Minelli contou que, de fato, diversos são os casos em que a saúde da mulher é afetada devido à desinformação, por mais que 71% delas busquem saber mais nos consultórios.
“Temos que falar com naturalidade de assuntos que são naturais. Tive uma paciente que chegou dizendo que usou cinco pomadas emprestadas por uma amiga, porque estava com uma coceira. Fica como uma ‘miscelânea’. Não dá para saber se é pomada o que você vê na hora de examinar, ou conteúdo vaginal”, comentou Ornella.

É por isso que, para Claudia Milan, fisioterapeuta pélvica e influenciadora, a educação sexual deve ser abordada desde sempre, compativelmente com cada fase da vida feminina, e com termos que não sejam infantilizados.
“Use os corretos, ‘vagina’ e ‘vulva’, ou ‘partes íntimas’, que é mais genérico”, aconselha a profissional.
Além disso, ela aponta que a primeira referência da criança não deve ser a de que certa parte do corpo é “feia” ou “fedorenta”, e, sim, de que é só mais uma que deve ser cuidada e respeitada — também é ideal que desde o começo seja elaborado o que é consentimento.

“Ensine que aquelas partes do corpo são íntimas e que as pessoas não podem encostar, assim como instruir o que fazer caso alguém faça isso, ou seja, contar para um adulto de confiança”, afirma Claudia.
Já na pré-adolescência é aprendido mais sobre anatomia, reprodução humana e a importância dos preservativos masculinos e femininos durante aulas escolares, mas é importante que estes também sejam assuntos normalizados em casa.
“Não deve ser ‘demonizado’ algo que é fisiológico e natural da vida. Sexo tem que ser seguro e gostoso!”, completa a fisioterapeuta pélvica.