Por Dr. Roberto Cooper – Pediatra*
Há alguns anos, ninguém sabia que crianças com sobrepeso poderiam ter problemas na vida adulta. Pelo contrário, durante muito tempo, uma certa “rechonchudez” era vista como saudável. Quando a criança era um pouco mais do que rechonchuda, se dizia que era só esperar a adolescência, quando esticaria. Pois bem, hoje sabemos que crianças que apresentam sobrepeso têm uma maior probabilidade de se tornarem adolescentes e adultos com sobrepeso ou obesidade.
A questão não é estética, mas sim de saúde porque esses adolescentes e adultos têm um risco maior de apresentarem colesterol alto, doença coronariana, pressão alta e diabetes tipo 2. Isso sem falar em lesões nas articulações e coluna. Por isso, a Academia Americana de Pediatria recomenda que seja feita uma dosagem de colesterol já aos 10 anos de idade, sendo repetida aos 18.
Imagino que se eu perguntar para qualquer mãe ou pai se gostaria de proteger seu filho de um enfarte ou derrame precoce imagino que todos responderiam afirmativamente. Se a pergunta fosse: você gostaria de proporcionar ao seu filho uma vida adulta saudável, com menor risco de doenças, incluindo alguns tipos de câncer, a resposta também seria sim. Então, o que precisa ser feito é um processo de educação alimentar que começa nos primeiros anos de vida. Esse é o momento ideal para se formar hábitos alimentares saudáveis.
Como formar hábitos alimentares saudáveis?
- A família precisa comer de forma saudável. Não adianta querer que os filhos comam menos gorduras e frituras, mais legumes, verduras e frutas, se o hábito da família é de se alimentar de uma forma inadequada.
- Insistir, com carinho, na introdução de novos alimentos. Uma recusa não significa que não poderá vir a gostar de uma comida. Aparentemente, devemos tentar apresentar novos alimentos em torno de dez vezes e não uma ou duas e desistir.
- O prato de comida dever ser multicolorido e conter sempre uma carne, frango ou peixe, sem gordura.
- Doces não devem fazer parte da alimentação diária. Por exemplo, biscoitos!
- Junto com o hábito de se alimentar de forma saudável, a família deve procurar atividades físicas divertidas.
- Diminuir o número de horas de televisão ou computador e evitar que as refeições sejam feitas na frente dessas telas.
- Fazer refeições em família, todos juntos, comendo a mesma comida saudável.
Não é fácil, mas a “epidemia” de obesidade que estamos vivendo só pode ser reduzida com muita informação e disciplina. A questão é que as consequências do sobrepeso só acontecem no futuro e isso permite que todos nós relaxemos um pouco. Mas, pensem que esse sobrepeso é uma bomba relógio que já está fazendo tic tac….. Filhos são uma ótima oportunidade e motivação para que nós, adultos, cuidemos melhor da nossa saúde também.
* Dr. Roberto Cooper é médico formado pela UFRJ em 1976
Residente de Pediatria do Hospital da Lagoa- 1976/1977
Título de Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria
Médico do Instituto Fernandes Figueira- FIOCRUZ
Consultor da OMS até 1985
Contatos: [email protected]
http://www.robertocooper.com
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