Como exemplo podemos lembrar dos jovens do Rio de Janeiro que bateram na empregada doméstica com a alegação de que pensaram ser ela uma prostituta. A diferença de classes e o horror que se abateu nesses jovens diante de uma “mulher/prostituta” fizeram com que eles passassem ao ato. Em quem batiam (na fantasia) quando agrediam essa mulher? Qual o significado de mulher na vida deles? O que os levam a sentir indignação, raiva, ódio, ou apenas desvalorizá-la como mulher? Qual o fantasma que os assombraram e que os levaram a cometer esta barbárie?
A criança, portanto, precisa da presença de autoridades na sua vida, pais e professores precisam ocupar os seus devidos lugares, mas sem ditadura!
Quando falha a lei interna, esta construída desde o nascimento na relação das crianças com os adultos (pais e responsáveis), entra a lei da sociedade.
A criança, portanto, precisa da presença de autoridades na sua vida, pais e professores precisam ocupar os seus devidos lugares, mas sem ditadura! Com muita tolerância e diplomacia, é preciso ajudar a criança a compreender os seus sentimentos e suportá-los lembrando que o não e a capacidade de lidar com as frustrações fazem parte da história.
Não se deve, no entanto esperar que a criança aceite os nãos e as impossibilidades da vida passivamente. Muitos pais quando brigam com seus filhos – ou porque eles fizeram algo de errado ou ainda porque desejam algo que não podem ter naquele momento – não permitem que fiquem tristes, chorem ou se irritem. Mas, para onde vão todos os sentimentos quando não expressados? Como poderá a criança elaborar e até mesmo reorganizar a forma de pensar sobre o acontecido se o que os pais querem é que ela se cale diante dos seus nãos?
Lembre-se: dar limite sim, ter autoridade sobre os filhos sim, mas sem impedi-los de transformar os seus lamentos em aprendizagem.
Ao aprender a transformar sua agressividade em recurso para o seu crescimento, será capaz de suportar a idéia de que apesar das diferenças que há entre ele e as outras pessoas, apesar de não ganhar sempre, é possível sentir e ao mesmo tempo transformar o seu sentimento sem ter que aniquilar os que estão a sua volta.
Mônica Donetto Guedes é psicanalista do Apprendere Espaço Psicopedagógico