O tipo mais comum de anemia infantil, principalmente nos dois primeiros anos, é a anemia ferropriva, causada pela deficiência de ferro, já que nesta fase elas deixam de ter uma dieta fundamentalmente láctea e passam a ingerir novos alimentos, porém em quantidades que podem não ser suficientes. Além disso, segundo a pediatra Natasha Slhessarenko, do Delboni Medicina Diagnóstica, muitas vezes o leite continua a ser dado em grande quantidade, ou se introduz o leite de vaca, o que é um fator de risco para o desenvolvimento de anemia. “Além de ter pouquíssimo ferro, o leite de vaca pode levar a sangramento intestinal, levando à anemia ferropênica”, diz.
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Os mais indicados pela médica são: muita carne bovina, de porco ou de peixe, especialmente as vísceras (fígado, coração), que são as maiores fontes de ferro, e cereais, açúcar mascavo e rapadura, que também têm uma grande quantidade de ferro. “Alimentos como os vegetais escuros (espinafre, couve) e as leguminosas (lentilha, ervilha, soja e feijão) apesar de terem muito ferro, é um ferro que é absorvido de maneira mais irregular. Já a beterraba, além de conter pouco ferro, é um ferro pouco biodisponível”, explica.
Ela ressalta ainda que cozinhar alimentos em panela de ferro ou cozinhar pregos enferrujados com a comida, são apenas mitos. “Essas práticas não oferecem ferro e devem ser evitadas”, orienta.
Sintomas da anemia
Por ser um problema que não apresenta sintomas, especialmente se for uma anemia discreta, é preciso manter as consultas médicas e exames da criança em dia, para que o quadro possa ser diagnosticado. “O exame que dá o diagnóstico de anemia é a dosagem de hemoglobina, feita no hemograma. Entretanto, algumas crianças podem apresentar palidez da pele e das mucosas, sonolência, perversão do apetite (comer terra, sabonete, barro), cansaço, parar de ganhar peso e de crescer”, explica.
Há também alguns estudos mostram que as crianças com anemia ferropriva podem se apresentar como medrosas, infelizes, inativas, pouco afetivas e com tendência a ficarem mais isoladas socialmente. Entre as principais consequências, caso o problema não seja tratado, estão o comprometimento do crescimento pondero-estatural e desenvolvimento neuropsicomotor, queda do QI irreversível e infecções de repetição.

Suplementação alimentar para crianças
A médica diz que todas as crianças, ao saírem do aleitamento materno exclusivo (o que deve ocorrer aos 6 meses de vida), devem ser suplementadas com ferro em dose profilática até os 2 anos de idade. “Em casos de gêmeos, prematuros ou crianças que nasceram muito pequenas, inicia-se com ferro aos 30 dias de vida. Este é o Programa de Suplementação de Ferro do Ministério da Saúde, vigente no Brasil desde 2005”, finaliza.