Quando a mulher engravida, o corpo sofre uma série de mudanças fisiológicas provocadas por alterações hormonais e aumento no fluxo sanguíneo. Por isso, as gestantes podem perceber logo nos primeiros meses o aumento das secreções vaginais. Mas nem sempre há com que se preocupar.
O problema, segundo o ginecologista e obstetra Igor Padovesi, é que a grávida está mais predisposta a ter infecções na vagina – que se manifestam por meio de corrimentos mais expressos, em tonalidades que vão do marrom ao amarelo-esverdeado. E, dependendo das causas dessas disfunções, podem até mesmo aumentar o risco de parto prematuro e outras complicações na gestação.
Corrimentos normais na gravidez
A American Pregnancy Association explica que existem alguns tipos de corrimentos bem frequentes durante a gestação e que não devem ser motivos de aflição. Estes fluidos são sinais que o corpo está se transformando para gerar o bebê. Entre os mais comuns, estão:
Fisiológico: é aquela secreção líquido fininho, esbranquiçado, transparente e sem cheiro, que a mulher já tinha antes da gestação. A ginecologista Juliana Torres Alzuguir Snel Corrêa explica que a chamada leucorreia costuma aumentar durante a gestação, devido a elevação do fluxo sanguíneo na região vaginal e alterações hormonais, especialmente dos níveis de estrogênio.
Corrimento vaginal rosado: pode aparecer nas primeiras 12 semanas de gravidez. Inclusive, se a mulher está na dúvida, este é um forte sinal do início de uma gravidez. Parece um pequeno sangramento, com a variação de cor do rosa avermelhado para o marrom. E é o resultado da implantação do embrião no útero.
Secreção “gelatinosa”: algumas semanas antes do parto, a gestante vai notar um corrimento mais gelatinoso, amarronzado e que pode vir acompanhado com traços de sangue. Este “tampão mucoso” protege o colo do útero e começa a ser expelido quando o trabalho de parto está próximo.
Corrimento pós-parto: no caso do pós-parto, aparece os chamados lóquios, que consiste em um sangramento que vem acompanhado de tecidos e até bactérias provenientes do revestimento do colo do útero. E que pode durar até 6 semanas após o parto.
Corrimento na gravidez: quando se preocupar?
O fluido marrom ou acompanhado de sangue necessita de maior atenção, já que pode ser o resultado de complicações na gravidez, como aborto espontâneo ou deslocamento da placenta por exemplo.
Quando corrimento durante a gestação aparece com cheiro forte, desagradável e surge acompanhado por coceiras e ardência ao urinar é um sinal de infecção vaginal. Como todos estes indícios podem indicar problemas, é preciso comunicar o ginecologista para uma avaliação detalhada e que irá definir o melhor tratamento para a gestante sem prejudicar a saúde do bebê.
No caso de secreção esbranquiçada e inodora, é um forte sintoma de candidíase, infecção por fungos comum durante a gravidez. Se tiver tonalidade cinza e odor forte como “cheiro de peixe”, é indicação de vaginose bacteriana.
Já no caso de secreção esverdeada, com aspecto espumoso, pode caracterizar uma Doença Sexualmente Transmissível. Entre elas, a tricomoníase que também apresenta sintomas como vagina avermelhada, irritada e dores durante a relação sexual.
O tipo amarelado e com textura mais grossa indica infecções como a gonorreia, por exemplo. Segundo a ginecologista e obstetra Erica Mantelli, este problema pode prejudicar o bebê, levando inclusive a um parto prematuro ou até disfunções após o nascimento do pequeno.