Se você não a conhece nem de nome, considere-se uma mulher de sorte. Não são poucas as representantes do sexo feminino que convivem com as dores – físicas e emocionais – da endometriose.
Doença exclusivamente feminina, consiste na presença do endométrio – tecido que recobre o útero e que é renovado mensalmente pela menstruação – em locais fora da cavidade uterina. Cólicas intensas, que não passam com analgésico e muitas vezes levam a mulher ao pronto-socorro, é um dos dois principais sintomas. O segundo motivo causa tristeza para quem sonha em ser mãe: a infertilidade.
Se você sente dificuldade para engravidar, cólicas agudas e dor profunda durante a relação sexual, procure orientação médica. A possibilidade dessas características serem fruto da endometriose são grandes. Hoje em dia, felizmente, ela é mais facilmente diagnosticada. E quanto mais cedo isso for feito, maiores as chances de controlar a doença e reduzir os sintomas.
Os números provam que a endometriose é mais freqüente do que as pessoas imaginam. Nada menos do que cerca 15% das mulheres em idade reprodutiva – entre 15 e 45 anos – são acometidas por ela. Caso a mulher apresente história de infertilidade ou dor pélvica, esse percentual sobe para 70%.
Segundo o ginecologista Marco Aurélio Pinho de Oliveira, presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia Ginecológica e Endometriose, toda mulher que menstrua tem o potencial de ter endometriose. “A endometriose é a presença do tecido que recobre o útero fora do local habitual – dentro da barriga, perto das trompas, na parede do intestino, da bexiga e nos ovários. Na menstruação, parte do sangue eliminado passa pelas trompas e cai dentro da barriga. Esse sangue contém células que têm a capacidade de crescer em locais como o ovário. Nos casos em que o sistema imunológico responsável pela defesa do organismo não consegue eliminar essas células, a doença se estabelece”, esclarece o ginecologista.
A vida de uma mulher com endometriose é afetada em vários níveis. O relacionamento conjugal carrega o peso dos sintomas mais frequentes da doença: a infertilidade e a dor. “É possível que a mulher sinta uma dor profunda na relação sexual, podendo até interromper o ato. É freqüente, aliás, ela evitar ter relações para não sentir dor”, explica o Dr. Marco Aurélio. O campo social e o trabalho também ficam prejudicados. “Problemas sociais e no trabalho costumam ocorrer pelas queixas constantes de cólica menstrual, dor no pé da barriga e nas costas”, diz Marco Aurélio Oliveira.
Dor
Muitas mulheres levam anos para descobrir que as fortes dores na barriga são fruto da endometriose. Inclusive, é comum o descrédito quanto a intensidade da dor. “Eu sofro de endometriose desde os 15 anos. Mas foi só com 20 que ela foi descoberta, quando fiz uma laparoscopia, a cirurgia que detecta. Agora estou bem, mas vivi um inferno durante anos da minha vida. Eu tinha cólicas de me deixar de cama. Fui parar no hospital umas três vezes, achando que era apendicite. O pior é que as pessoas duvidavam de mim, alguns parentes achavam que era frescura. Depois que a doença foi diagnosticada e obtive todas as informações a respeito, pude provar os sintomas que eu sentia”, conta a auxiliar de escritório Sônia F., de 28 anos.
Se você sente uma cólica mentrual intensa e que vem piorando nos últimos meses, não pense nem meia vez antes de marcar uma consulta com o ginecologista! “A intensidade da dor costuma ser maior que o normal. A mulher com endometriose deixa de fazer algumas atividades habituais durante o período menstrual. Analgésicos amenizam, mas não acabam com a dor, que, com o tempo, pode se tornar constante, ocorrendo fora do período da menstruação”, alerta Dr. Marco Aurélio.