Estrabismo: tratamento deve começar o quanto antes

por | ago 2, 2016 | Gravidez e bebês

Marianna Feiteiro

Do Bolsa de Bebê

O estrabismo ocorre quando o cérebro não consegue alinhar os olhos apropriadamente. Além de ser um problema estético, a condição compromete a visão da criança, impedindo o desenvolvimento pleno da acuidade visual. Apesar de as chances de correção na infância serem muito grandes, é imperativo que o tratamento seja feito o mais cedo possível, para evitar que a visão sofra prejuízos.

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Segundo explica o oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos (SP), em crianças que enxergam normalmente, o cérebro desenvolve a habilidade de fundir as imagens que vistas pelos olhos esquerdo e direito, formando uma única imagem. É a binocularidade. Como os olhos são separados por alguns centímetros, as imagens formadas no olho esquerdo são ligeiramente diferentes das formadas no direito, com diferentes ângulos de visão. Ao fundir as duas imagens, o cérebro garante melhor noção espacial e de profundidade. “No entanto, na criança estrábica, um dos olhos pode apontar para dentro, para fora, para cima ou para baixo, fazendo com que duas imagens distintas sejam enviadas para o cérebro. Como ele não consegue fundir duas imagens tão diferentes entre si, a criança passa a ter visão dupla – o que obriga o cérebro a suprimir a imagem capturada pelo olho problemático”, esclarece. Em outras palavras, é como se o cérebro “desligasse” as funções do olho doente e passasse a contar apenas com o olho sadio. Essa condição é conhecida como ambliopia, ou síndrome do olhinho preguiçoso.

Crédito: Shutterstock

Como tratar o estrabismo

Para corrigir o problema, o olho fraco deve ser forçado a funcionar como a visão principal. Para isso, usa-se um tampão no olho sadio por alguns períodos, obrigando o outro olho a reagir e funcionar adequadamente. Alguns casos podem exigir uma cirurgia de alinhamento dos olhos. “Os ganhos são permanentes, uma vez que o cérebro passa a fundir as imagens, garantindo a binocularidade e a acuidade visual”, afirma Dr. Renato.

Tratamento rápido

O especialista enfatiza que o tratamento deve ser realizado o mais cedo possível, antes de a criança completar 6 anos. “Porém, o ideal é que seja feito por volta dos 2 anos de idade”, alerta. Se o tratamento não for feito a tempo, a criança permanecerá estrábica por toda a vida. Caso isso ocorra, e se o prognóstico for favorável, a alternativa é a realização da cirurgia. “Neste caso, a finalidade é mais estética do que funcional, o que também vale a pena, já que o estrabismo pode comprometer a autoestima da pessoa”, defende o especialista.

Dr. Renato também chama atenção para a importância das visitas ao oftalmologista. “O primeiro exame oftalmológico do bebê deve ser feito aos seis meses de idade. A partir daí, se não houver nenhuma anormalidade, a criança deverá passar por novas consultas em idade pré-escolar (aos 2, 4 e 6 anos), escolar (entre 10 e 12 anos) e quando estiver no Ensino Médio (em torno dos 15 anos)”, recomenda.

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