Frustração após o parto: pesquisa revela 2 fatores que irritam mães e profissionais

por | dez 27, 2016 | Gravidez e bebês

Atualmente, o tempo considerado para a recuperação de uma mulher depois do parto é de seis semanas. Um estudo realizado na Universidade de Salford, no Reino Unido, no entanto, mostrou que este tempo não é suficiente e ainda apontou questões importantes para o debate sobre o nascimento e puerpério, inclusive aqui no Brasil.

Tempo para recuperação

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A pesquisa foi realizada com mulheres atendidas por duas maternidades e visou analisar o cuidado e a recuperação das mulheres após o parto. Para chegar ao resultado, entrevistas foram feitas com as puérperas entre as duas e três primeiras semanas, aos três meses e sete meses após o parto para que a pesquisadora tivesse uma visão única sobre a recuperação no puerpério. Com isso, concluiu-se que o tempo atualmente estipulado é insuficiente e traz consequências para as novas mães.

“As mulheres consideraram a visão profissional da recuperação do parto de seis semanas como uma fantasia, e que um ano era um período de tempo mais realista. A verificação de seis semanas foi decepcionante porque a maioria não recebeu um exame físico ou não confirmou qualquer forma se seus corpos tinham revertido para ‘normal’”, explicou a condutora do estudo, Dra. Julie Wray.

Qualidade do atendimento

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A pesquisa ainda apontou que o ambiente hospitalar impactava negativamente na capacidade das mulheres se recuperarem e celebrarem o nascimento dos bebês. “A atmosfera quente, ocupada, barulhenta e o fluxo de visitantes não era propício para a recuperação”, acrescentou a pesquisadora.

A insatisfação era, de acordo com a pesquisa, também das parteiras e profissionais de saúde que acompanhavam as puérperas. “As parteiras também sentiram-se frustradas pelo excesso de tempo dedicado à papelada e não aos cuidados práticos que os motivaram a entrar na profissão”, explicou.

Para Dra. Julie, a pesquisa mostra a realidade do tempo necessário para recuperação depois do parto e a importância de serviços mais humanos e amigáveis para a mulher e para o profissional.

O estudo foi concluído e divulgado em 2012 e, embora tenha sido feito a partir da realidade inglesa, traz pontos importantes para levantar reflexões também aqui no Brasil.

Atendimento ao parto no Brasil

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Atualmente, o atendimento hospitalar brasileiro, na maioria das maternidades, é pouco acolhedor e bastante técnico. Ou seja, todos os procedimentos são realizados de maneira rotineira, sem uma individualização. A mulher atendida, no entanto, está passando por aquele momento pela primeira vez e a pouca sensibilidade no trato pessoal se somam a mudanças hormonais e inseguranças dessa fase, tornando o momento ainda mais difícil.

Por isso, assim como as inglesas, é possível encontrar alto nível de insatisfação por aqui, tanto das mães como dos profissionais.

O estudo, ao apontar que as mulheres demoram um ano para se recuperarem do parto, ainda levanta um debate sobre o tempo da licença-maternidade, que não é suficiente para a mulher se recuperar, assim como também não é para que o bebê se alimente exclusivamente de leite materno até os seis meses de idade, como recomenda organismos internacionais como a OMS (Organização Mundial de Saúde).

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