Guardar sangue do cordão umbilical: médica hematologista explica se realmente vale a pena

agosto 31, 2019

O cordão umbilical é a ligação física entre a mãe e bebê em gestação. Os nutrientes, anticorpos e oxigênio passam da corrente sanguínea da mãe para a do bebê e fluem para dentro do corpo dele através da malha umbilical. Mas além da importância na gestação, quando falamos da saúde do bebê, sua função tem sido ampliada.

Sangue do cordão umbilical tem células-tronco

Na expectativa de se munir de células tronco capazes de tratar determinadas doenças, alguns pais optam por coletar sangue do cordão umbilical do bebê e deixá-las armazenadas para qualquer necessidade futura.

Esse movimento não é à toa, uma vez que – acordo com o Ministério da Saúde – o transplante de células-tronco pode beneficiar o tratamento de cerca de 80 doenças em diferentes estágios e faixas etárias. Entre elas, leucemias, síndromes e diversos tipos de anemia.

Tratamento com célula-tronco do cordão umbilical

Para tomar essa decisão é importante ter uma visão mais ampla do quadro, para que não haja um desalinhamento de expectativas.

De acordo com a pediatra hematologista Ana Cláudia Carramaschi, o primeiro ponto que precisa ser levado em conta é que caso o paciente apresente uma doença genética ou doença da medula óssea, como a leucemia, ele não poderá fazer o transplante autólogo, pois a carga genética da doença já está no sangue retirado do cordão umbilical.

Ou seja, nem todas as doenças podem ser tratadas com as células-tronco do próprio indivíduo.

De acordo com a especialista, as doenças passíveis de tratamento são algumas doenças genéticas, hematológicas e alguns tipos de câncer.

Quantidade

Ainda conforme a especialista, só de 8% a 12% das coletas apresentam um volume de células suficientes para um transplante de um adulto, sendo muitas vezes necessários 2 ou mais cordões. Além disso, a probabilidade de ser necessário o uso do próprio cordão é em torno de 0,04% a 0,005% nos primeiros 20 anos de vida.

Quando pode ser indicado?

Existe a indicação de se armazenar de forma privada caso já existam casos na família de pessoas que poderiam se beneficiar do sangue do cordão. Nesses casos, os profissionais de saúde devem apresentar aos pacientes os reais benefícios de armazenamento privado. Em nenhuma hipótese o cuidado com o parto ou bebê deve ser prejudicado para coleta de sangue do cordão.