Maioria das crianças com autismo se desenvolve melhor do que se pensava, conclui estudo

Uma das maiores pesquisas longitudinais sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) mostrou que crianças com autismo se desenvolvem de forma mais positiva do que se pensava anteriormente.

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O TEA surge nos primeiros anos de vida e permanece para o resto da vida. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), uma em cada 68 crianças apresenta algum transtorno autístico, cujas características principais incluem alterações comportamentais, de linguagem e de comunicação.

Liderada pelo Hospital for Sick Children e pelo Center for Addiction and Mental Health (CAMH), ambos do Canadá, a pesquisa foi publicada no periódico científico JAMA Open em 29 de março de 2021.

Nova abordagem para avaliar crianças com autismo

Para verificar de forma mais precisa o desenvolvimento de crianças com diagnóstico de TEA, a equipe de pesquisadores apostou em uma nova abordagem, baseada em pontos fortes.

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O estudo mediu o nível de competência e a melhoria ao longo do tempo dos participantes em cinco fatores principais de desenvolvimento: comunicação, socialização, atividades cotidianas e saúde emocional.

O trabalho científico descobriu então que 80% das crianças com TEA experimentaram melhora em pelo menos um desses cinco fatores. Além disso, 23% das crianças apresentaram resultados positivos em quatro ou mais fatores na metade da infância.

Foi encorajador descobrir que a maioria das crianças com TEA estava indo bem aos 10 anos de idade por alguma medição. Usando critérios diferentes para rastrear seu desenvolvimento, fomos capazes de reformular de forma mais holística o progresso no campo do autismo, afirmou Dr. Peter Szatmari, um dos responsáveis pelo estudo.

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Os pesquisadores acompanharam 272 crianças com diagnóstico de TEA de clínicas em todo o Canadá com idades entre 2 e 10 anos, período em que elas fazem a transição para uma maior autonomia e têm aumento das demandas sociais e acadêmicas.

Resultados positivos e contexto familiar

O estudo também examinou fatores contextuais, como renda e funcionamento familiar, e descobriu que maiores renda e funcionamento foram preditores importantes em vários aspectos positivos das crianças.

Embora os fatores sociais e ambientais também tenham sido estudados em relação aos seus efeitos no desenvolvimento infantil, há poucas pesquisas entre crianças com autismo.

De acordo com os pesquisadores, uma perspectiva baseada em pontos fortes em um diagnóstico de autismo pode ajudar a criar uma abordagem mais flexível para desenvolver intervenções sob medida para cada criança.

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