Após a separação dos pais a criança precisa que a tríade pai-mãe-filho permaneça. Este vínculo não se desfaz pelo fato do casal ter decidido se separar. Para que a criança, após a separação, possa se desenvolver a contento, será necessário que ela seja incluída no processo. Para isso é preciso que alguns cuidados sejam tomados.
O que acontece muitas vezes é que o marido ou a mulher acabam transferindo para a relação com seus filhos os problemas relacionados ao casal. Não é uma tarefa fácil comunicar à criança a decisão de que não continuarão mais juntos. No entanto, é fundamental para ela saber que essa decisão não está relacionada à sua relação com seus pais.
Você é uma mãe superprotetora? Faça o teste!
Muitas vezes, quando o processo não é explicado, a criança fantasia que eles discutem, brigam e desejam se separar por causa dela, e acaba por se sentir culpada. O problema se agrava quando os pais usam, para explicar a separação, frases como: “Vamos nos separar porque será melhor pra você”, “papai e mamãe se separando, você não sofrerá com as nossas brigas”.
Por mais que os pais não contem à criança o que acontece, ela sente que há algo de estranho no ar e, muitas vezes, pode se tornar ansiosa e angustiada porque como não sabe exatamente o que acontece, não há palavras a serem expressas, ficando, assim, impedida de representar seus sentimentos.
Os filhos, em qualquer idade, têm o direito de saber sobre as situações que os envolvem
Não é preciso ter medo de falar à criança o que está acontecendo! Ao contrário, a mentira, a dissimulação e o desmentido é que podem trazer conseqüências graves. Tampouco deve achar que ela não tem capacidade de compreender ou ainda de suportar o fato de saber que os pais decidiram não viver mais juntos. Eles não podem imaginar como será mais tranqüilo e mais saudável para a criança quando é oferecido a ela condições de saber o que acontece desde o início.
Se a separação é vivida cheia de conflitos, se está sendo uma experiência sofrida, talvez os pais não tenham condições de explicar e, sendo assim, podem acabar usando a criança para atingir um ao outro. Quando se trata de uma separação difícil, uma das partes pode, ainda, buscar a criança como aliada. Essas atitudes são inaceitáveis e devem ser evitadas de todas as formas.
O mais interessante é buscar uma pessoa próxima à criança que possa conversar com ela e que ao mesmo tempo tenha condições de se manter neutra ao que irá comunicar. Por exemplo, os avós podem ser tendenciosos por terem um envolvimento afetivo e, muitas vezes, opiniões formadas sobre a separação.
Geralmente os pais não fazem um trabalho preventivo, isto é, não cuidam do processo, seja informando a criança sobre o que está acontecendo ou procurando um profissional que possa escutá-la e acompanhá-la na forma como vem compreendendo essa nova fase da sua vida. É muito importante para a criança ter um espaço para traduzir seus sentimentos em palavras.
Frequentemente os pais só buscam ajuda quando a criança começa a apresentar algum tipo de problema como: regride no comportamento e atitudes, comete pequenos furtos, mente compulsivamente, se tornar agressiva em casa ou na escola, apresenta problemas de aprendizagem, deixa de brincar, deixa de comer, passa a comer demais, tem insônia, sono agitado, pesadelos noturnos, entre outros medos variados.
É importante lembrar que a verdade deve prevalecer em qualquer relação e não seria diferente na relação pais e filhos. E que os filhos, em qualquer idade, têm o direito de saber sobre as situações que os envolvem. Por mais difícil que seja saber sobre um fato, não é mais doloroso do que a angústia de um saber que não se sabe.
Leia AQUI outras matérias de 1 a 3 anos
MINHA BOLSA