A beleza da diversidade – Gostar do reflexo do espelho num mundo de padrões de beleza tão inflexíveis

por | jun 30, 2016 | Beleza

Num mundo estereotipado, a diversidade de feições e até os charmosos defeitinhos – que nos fazem mais humanas – ficam escondidos debaixo de tinturas, silicones e uma infinidade de artifícios estéticos. Não que as descobertas da indústria cosmética não sejam uma tremenda alavanca para a nossa auto-estima. Afinal, ela é fundamental para quem quer ficar de bem com o espelho, seja o reflexo dele loiro, rechonchudo ou marcado pelo tempo. Mas algumas mulheres andam exagerando na dose, em busca de padrões que desrespeitam a sua própria essência, esquecendo que, na verdade, a beleza está na autenticidade de valorizar o que se tem de melhor.

A dentista Anna Carolina Gabizo descobriu isso quando resolveu dar um cessar-fogo na guerra contra o seu cabelo. “Vivia tentando seguir as tendências da moda, pintando meu cabelo, que é castanho escuro e fino como o de um neném, de vermelho, loiro, mel ou qualquer outra cor que fizesse a cabeça de modelos famosas”, confessa ela, que no fim das contas acabou detestando o resultado. “Em vez de me sentir melhor, desfilando a tal cor que eu queria, tive que passar meses com o cabelo num rabo de cavalo porque os fios foram ficando absolutamente destruídos por causa da tinta. Até que eu me rendi e resolvi assumir de vez a cor natural deles. Passei num salão, escureci tudo de uma vez e, pra minha surpresa, o visual novo fez muito mais sucesso”, afirma Anna, satisfeita.

Descobrir a beleza em si é, essencialmente, se conhecer. Principalmente, o lado a que damos menos atenção: as qualidades. É o que diz a cosmetóloga Sonia Corazza, autora do livro “Beleza Inteligente”. “As pessoas que se julgam melhores por terem, teoricamente, a imagem eleita da beleza, estão agarradas a um conceito passageiro, pois juventude e uma carinha bonita não são perenes. E é só olhando para nós mesmos com atenção, procurando conhecer mais sobre a nossa pele, cabelo e corpo, que poderemos explorar o melhor em cada um, perpetuando esta nossa beleza, tão individual, como uma impressão digital”, comenta. O que não quer dizer que o ideal seja se entregar à ação da natureza. “Se os cuidados diários com a saúde e a adoção de uma rotina de vida e trato pessoal não forem adotados, essa compreensão não existe”, garante.

E apreciar as alterações que o tempo imprime em cada fisionomia também faz parte dessa compreensão. “Eu tenho 37 anos e, apesar de não gostar de ver as rugas aparecendo no meu rosto, entendo e aceito que elas façam parte de mim e da minha vida”, conta a professora Regina Paes. Para ela, cobrar do próprio corpo algo que ele não pode dar é uma forma de se manter permanentemente insatisfeita. E aí, ser bonita fica complicado. “O que faço é me cuidar para que essas marcas do tempo não me deixem com uma má aparência. Posso ser uma mulher de 40 bonita, sem precisar ter carinha de garota. Não tenho 20 anos, minha cabeça, minhas atitudes e minha vida não são de uma mulher de 20 anos. Então, não faria o menor sentido correr atrás desse padrão”, afirma.

Regina Paes está coberta de razão. Quanto maior e menos flexível o ideal de beleza, maior o número de frustrações. E maior a possibilidade da auto-estima cair por terra. “A massificação da mulher bonita faz com que elas se espelhem naquelas modelos maravilhosas e se diminuam em relação a elas. Então, esse tipo de sugestão psicológica pode se tornar um perigo se a mulher aceitá-la e resolver ser igual a uma outra mulher”, garante o psicólogo Marcio Rocha. Portanto, respeite suas diferenças, valorize suas qualidades e encontre o seu próprio padrão de beleza. O que vale é se olhar no espelho e, seja qual for o reflexo, gostar do que vê!