Que felicidade faz bem para a pele, todo mundo sabe. O que pouca gente imaginava é que ela já pode ser comprada. São cremes, loções e mousses que garantem o rejuvenescimento através do bem-estar das células cutâneas. Tudo começou com um hormônio chamado endorfina. Sabe aquela sensação de conforto que sentimos depois de praticar atividades físicas, ou comer um punhado de chocolates? É a mesma, só que adaptada pela indústria farmacêutica e apresentada em forma de cosméticos. Chamados de neurocosméticos, esses cremes do futuro prometem uma beleza livre de estresse.
Disponíveis no país desde o início de 2005 pela indústria farmacêutica Galena, os neurocosméticos – inicialmente restritos a fórmulas manipuladas – já podem ser encontrados nas prateleiras das farmácias. HappyDerm, da L’Óreal, Happylogy, da Guerlain, Hydra Zen, da Lancôme, Revixyl, da Samana, e Akinésine, da Anna Pegova. As opções são muitas, e as promessas também. Uma pele alegre, mais lisa, jovem e radiante, livre de estresse. Cheia de estímulos para produzir novas células, promete a bula do Akinésine. Mas, para saber até que ponto isso é verdade, é preciso entender como os neurocosméticos agem na sua pele.
A ação
Aquela velha história de que a paixão nos deixa mais bonitas, com um brilho diferente, é uma prova da capacidade que nossa pele tem de captar a endorfina liberada em momentos de felicidade. Introduzir essa idéia à formulação de cosméticos, porém, não foi nada fácil. A dermatologista Ligia Kogos explica: “A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) não permite hormônios na composição dos produtos. Para contornar o problema, passou-se a utilizar endorfinas do reino vegetal, as chamadas fitoendorfinas. São elas que levam o estímulo dos neurocosméticos até o sistema nervoso central, produzindo um efeito endorfina-like (similar ao da endorfina)”.