Episiotomia do parto normal: como é feita e como cuidar e amenizar a cicatriz

Antigamente, era comum que o obstetra fizesse a episiotomia durante o parto normal. A justificativa era que o nascimento do bebê provocaria uma laceração generalizada do períneo materno e que seria muito mais fácil cicatrizar cortes retos e planejados. Hoje já se sabe se que a laceração provocada pela expulsão do bebê pode nem acontecer, mas o corte continua sendo feito frequentemente. A mulher que recebeu a episiotomia, além de dar de mamar e cuidar do filho, terá de lidar com a ferida. Veja a seguir como fazer.

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O que é a episiotomia 

A episiotomia é o corte cirúrgico feito na região genital da mulher no momento da expulsão do bebê para aumentar o canal de passagem do bebê. Por muito tempo ela foi feita como rotina durante os partos normais, mas, recentemente, a recomendação das associações médicas passou a ser para que essa prática seja feita apenas em casos em que é considerada necessária. No entanto, de acordo com a pesquisa de abrangência nacional Nascer no Brasil, mais da metade das gestantes (53%) continua recebendo o corte.

É violência contra a mulher? 

Segundo a obstetra Márcia Maria da Costa, coordenadora da maternidade do Hospital São Luiz, qualquer procedimento que incida sobre o corpo da mulher, cause dor ou dano físico, independente de sua intensidade, pode ser considerado como violência obstétrica.

Casos em que deve ser feita 

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a episiotomia não deve ser feita em mais que 10% dos partos (no Brasil o índice é de 53%). Márcia da Costa explica que o procedimento pode beneficiar o nascimento em casos em que o períneo estiver muito tenso, dificultando a saída do bebê, ou quando o recém-nascido está em risco de morte, o que indica que é necessário retirá-lo do canal de parto rapidamente. “Essa é a chamada episiotomia seletiva, que deve ser feita apenas quando realmente necessária“, conta.

No entanto, é importante lembrar que muito dos profissionais consideram que não existem benefícios comprovados de que a episiotomia pode facilitar o nascimento do bebê, mesmo em casos de alto risco.

Como a episiotomia é feita 

A obstetra explica que deve ser feito um corte na vagina e no períneo, com uma tesoura ou bisturi, de aproximadamente 4 cm. A incisão pode ser para trás, em direção ao ânus, ou para trás e para os lados. Serão seccionados: pele, tecido subcutâneo e músculos do períneo. “No momento em que está sendo realizada a episiotomia, a gestante não sente dor, mas em geral é feita uma anestesia local caso a paciente não esteja sob o efeito de uma analgesia de parto”, explica. Por último, é realizada a costura dos tecidos com fio que será absorvido pelo organismo.

Como cuidar da episiotomia 

Higiene 

A obstetra Márcia da Costa conta que é muito importante manter o local sempre limpo.  “É indicado lavar com água e sabonete durante o banho e após evacuar e fazer uma ducha higiênica após urinar”.

Roupas 

Também é recomendado utilizar roupas íntimas de algodão, que ajudam na ventilação da área. As outras peças de roupas também devem ser leves e abertas. Vestidos são uma ótima opção.

Remédios e alívio da dor 

O médico poderá prescrever analgésicos, anti-inflamatórios e pomadas cicatrizantes para o corte da episiotomia caso seja necessário. O uso de spray antisséptico e anestésico no local do corte também poderá ajudar e, nos casos em que houver inchaço ou hematoma, pode ser feita uma compressa fria, envolta em toalha limpa, na região. A obstetra recomenda ainda a mulher a utilizar uma almofada com um furo central, tipo “boia infantil”, para se sentar, principalmente no momento da amamentação.

Tempo de cicatrização 

“Em geral, de 7 a 10  dias a cicatrização já está completa, mas o ideal é esperar 30 dias para retorno à atividade sexual”, recomenda Márcia da Costa.

Efeitos colaterais da episiotomia 

Por alguns meses, o local pode ficar mais sensível, dolorido, inchado e até mesmo incomodar durante a relação sexual. Recomenda-se usar um gel lubrificante à base de água, que minimiza este desconforto. Também pode haver formação de hematoma e surgimento de infecção no local. Em geral, durante a micção não há dor, mas é importante utilizar uma ducha higiênica depois.

Como fica a cicatriz da episiotomia 

A especialista explica que, em geral, fica uma pequena marca, resultante do processo de cicatrização. O tipo de pele e forma como os pontos são feitos também podem determinar se a marca ficará mais perceptível. “Mulheres com peles morenas tendem a ter uma cicatriz da episiotomia mais espessa outras podem desenvolver uma cicatriz hipertrófica ou queloide”, explica.