Cientistas estão tentando ressuscitar animais extintos; como eles pretendem fazer isso?

A ciência tem um plano para acabar com a extinção dos animais: ressuscitar espécies! O método, feito por transferência de DNA, poderia acabar com o problema que é bastante grave, já que 30 espécies desaparecem todos os dias. Desde 1.500, mais de 300 mamíferos já deixaram de existir.

O DNA de muitas criaturas extintas está preservado em amostras de museu e em alguns fósseis e isso pode permitir a análise científica do código genético das espécies.

Esses dados podem ser transferidos como genes a parentes vivos mais próximos desses animais, fazendo com que espécies que já desapareceram voltem ao ecossistema da Terra.

Animais extintos podem ser ressuscitados?


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Existem três opções para tentar ressuscitar os animais extintos. A primeira é encontrando espécies vivas com traços similares e selecionando as mais parecidas. A partir disso, cria-se uma versão desses animais que se assemelhem ainda mais com a espécie extinta. Não é uma ressuscitação de fato, mas é uma forma de restaurar nos animais as antigas funções dessas espécies.

A outra ideia é clonar. Cientistas podem pegar células preservadas de um animal extinto (tem quer ter sido preservada antes da espécie entrar em extinção), extrair seus núcleos e colocá-los substituindo os de embriões de animais parecidos.

A terceira opção é por meio da engenharia genética recém-descoberta, o Crispr, a técnica que permite alterar o DNA. Com ela, seria possível mexer no material genético de alguma espécie semelhante à extinta, e, então, produzir versões modernas de um animal que se comporte exatamente como seu descendente. Essa é a opção que vem sendo trabalhada atualmente.

 “O objetivo final é restaurá-los para sua antiga casa na natureza”, como explica a Revive & Restore, uma fundação voltada ao resgate genético de espécies ameaçadas de extinção, em São Francisco, nos Estados Unidos. Alguns ecologistas ligados a ela já possuem projetos em andamento com o objetivo de aumentar a biodiversidade, resgatando espécies já extintas e tentando impedir a extinção de tantas outras.

Quais animais podem voltar à vida?

Existem algumas diretrizes que são seguidas para decidir quais espécies devem ser revividas em prol do ecossistema do planeta Terra. O mamute-lanoso (parente do elefante, que viveu na região do Ártico), e o pombo-passageiro (pássaro cinza pequeno, com o peito vermelho rosado, comum na América do Norte) estão no topo, como reportado pelo site de notícias científicas Science.

Mas existem outras espécies que também já estão no caminho. É o caso da ave tetraz-das-pradarias (foto abaixo), encontrada na Nova Inglaterra, nos Estados Unidos, e também do arau gigante, um tipo de pinguim presente na região do Atlântico Norte. Mas por que se quer tanto conseguir ressuscitar alguns animais extintos?

Qual o objetivo?

Cada animal tem uma função no ecossistema. Algumas delas são as mesmas para diversas espécies. Mas, existem outras em que apenas uma ou duas espécies são responsáveis, como é o caso do mamute-lanoso, que pode ajudar nas mudanças de clima atuais (quando ele desapareceu, a vegetação se transformou em tunga e taidra de musgo, que liberam dióxido de carbono e colaboram para o aquecimento global), e o pombo-passageiro, que era responsável pela dispersão de sementes importantes na natureza.

Quais são os riscos?

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A disseminação de algumas espécies, como o mamute, pode ser mantida sob controle. Mas, controlar a disseminação de ratos, por exemplo, não será uma tarefa fácil. Fora que as mutações também podem ser diferentes do que se espera. E existe um medo ainda maior dentro da comunidade científica: o da extinção ser vista como um fenômeno normal.

“Honestamente, a coisa que mais me assusta é que as pessoas absorvam a má impressão de que a extinção não assusta mais”, diz Douglas McCauley, da Universidade da Califórnia, ligada a Revive & Restore.

“Que a mentalidade se torne: desflorestar, não tem problema, a gente pode reflorestar. Se nós causamos a extinção de algo, sem problema, podemos desfazer”. Entretanto, não é assim que funciona.

Tirar, colocar ou recolocar espécies em um local pode trazer diversas consequências, como o que aconteceu na Austrália. Um sapo venenoso foi importado para ajudar no controle de besouros que estragavam plantações de cana-de-açúcar. Mas eles se reproduziram demais, se espalharam pelo resto do continente e estão acabando com algumas populações de animais nativos.

O “efeito reverso” da extinção está muito próximo da realidade e, segundo McCauley, esse é o momento de refletir sobre isso. “Por muito tempo foi fácil apenas colocar isso de lado, porque a tecnologia não estava lá. Mas eu não acho que seja possível continuar fazendo isso”, alerta ele.

Animais em extinção