Fofura agressiva é normal e “vontade de morder, apertar…” pode até ser necessária

Por mais inusitado que pareça, não é incomum ouvir de alguém sobre a vontade instantânea de apertar ou “esmagar” algo muito fofo, seja um bebê ou mesmo um filhotinho de cachorro. “Tão fofo que dá vontade de morder”: a expressão popular tem seu sentido.

O fenômeno é chamado de ataque de fofura (“cute agression”, em inglês) ou ” Síndrome de Felícia” (em referência à personagem do desenho animado “Pinky e o Cérebro”, que ama abraçar os ratinhos). A neurociência aponta que metade da população já experimentou a sensação pelo menos uma vez na vida, mesmo que não tenha entendido no momento.

Por que existe a fofura agressiva?

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À primeira vista, pode até parecer incoerente ter reações “nocivas”, mesmo que superficiais, diante de algo fofo, mas de acordo com Li Li Min, neurologista e chefe do Departamento de Neurologia da Unicamp (Universidade de Campinas), trata-se de um descompasso normal entre as emoções humanas.

“No arcabouço cerebral, todas as pessoas são constituídas assim. Não quer dizer que somos más ou que temos tendências negativas por isso, é só uma maneira de reagir, assim como chorar de alegria, por exemplo”, explica.

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Tal contrabalanço faz parte do sistema de recompensas do cérebro, que entende ser preciso equilibrar algo muito fofo com outro sentimento. Pelo fato das estruturas terem uma íntima ligação com o sistema límbico, é a agressividade, parte dele, que cumpre o papel mediador.

“Mesmo em diferentes culturas, as pessoas agem de forma semelhante. Podem apertar os punhos e cerrar os dentes instintivamente”, exemplifica Li.

Já outra explicação para a “vontade de esmagar” faz parte do contexto da evolução humana.

Um ser pequeno, de olhos grandes e estruturas arredondadas preenche todos os pré-requisitos para ser considerado “bonitinho” e, por si só, nos tiraria parte da racionalidade ao ser contemplado.

Respostas agressivas seriam necessárias para retomada do controle e da razão. Por exemplo, um bebê: ainda que extremamente fofo, precisa ser cuidado e protegido, e segundo a teoria, nosso cérebro vai garantir a volta da lucidez para perpetuação da espécie.

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