Marta teve uma trajetória marcada por muita luta e, eventualmente, se tornou ativista pelo direito das mulheres
Marta Vieira da Silva, conhecida mundialmente como Marta, obteve destaque globalmente no futebol feminino, se tornando a “rainha” da modalidade. A maior artilheira da história da Seleção Brasileira, no entanto, encerra sua trajetória de sucesso nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Relembre as conquistas!
Trajetória de Marta: maior artilheira da Seleção Brasileira de futebol
Nascida em 19 de fevereiro de 1986, Marta, que veio de Dois Riachos, Alagoas, sempre gostou de jogar bola com os três irmãos mais velhos. A atleta vem de uma família humilde e ainda teve que enfrentar o preconceito na modalidade.
Ainda pequena, na escola, o professor mudou as regras dos campeonatos para Marta não participar mais, já que os meninos se sentiam passados para trás. Posteriormente, a jogadora começou a atuar nas categorias de base do CSA de Dois Riachos.
Aos 14 anos, Marta recebeu convites para peneiras em grandes times do Rio de Janeiro, com a ajuda do treinador, fechando com o Vasco. A aprovação, imediata, não permitiu que tentasse uma vaga em outro grande clube, o Fluminense.
Depois que a equipe feminina acabou, sobretudo pela falta de investimentos, Marta ficou no Rio com a ajuda de amigos e da supervisora do time. Helena Pacheco se esforçou para mantê-la jogando e se desenvolvendo dentro e fora dos gramados.
Em seguida, Marta foi emprestada para o São José do Rio Preto para o campeonato Paulista e para o Santa Cruz de Belo Horizonte. A atleta permaneceu pouco mais de um ano no time. Aos 17 anos, a jogadora já era uma atleta da Seleção Brasileira.
Em 2003, Marta disputou os jogos Pan-Americanos, conquistando o primeiro ouro da seleção feminina. No mesmo ano, as brasileiras enfrentaram a Copa do Mundo dos EUA, com duas vitórias e um empate na fase de grupos, perdendo para a seleção Sueca nas quartas.
Temporada de Marta no exterior
Conhecida globalmente, Marta marcou 3 gols em 4 jogos, sendo chamada, devido ao seu talento, pelo Umeå IK, clube sueco de futebol. Durante cinco temporadas, entre 2003 e 2008, conseguiu trazer quatro títulos importantes para a Suécia em campeonatos locais.
Em 2009, Marta decidiu, a princípio, dar um novo rumo para a carreira, fechando com o Los Angeles Sol dos EUA, além de levar sua equipe ao vice-campeonato nacional. Após o fim da temporada da Liga de Futebol feminino, a jogadora foi emprestada ao Santos por três meses.
Uma vez de volta ao país, Marta foi campeã, com a equipe, da Copa Libertadores feminina e da Copa do Brasil. Em 2010, o Los Angeles Sol encerrou suas atividades e a jogadora foi contratada pelo FC Gold Pride, se consagrando campeã com o clube da Liga Nacional Americana.
Em 2010, Marta voltou ao Santos, por dois meses, mas, em 2011, foi anunciada em um novo clube, o Western New York Flash. No começo da temporada de 2012, a atleta voltou ao futebol sueco, contratada pelo Tyresö FF por dois anos, liderando a equipe ao título de campeão sueco e vice-campeonato europeu entre 2013 e 2014.
Depois que o clube declarou falência, Marta seguiu para o FC Rosengard, se consagrando como a maior estrela do futebol sueco. No novo clube, a atleta, da mesma forma, conquistou duas vezes o título da Liga da Suécia, 2014 e 2015, além de um vice-campeonato em 2016.
Em abril de 2017 o clube americano Orlando Pride anunciou Marta como reforço para a temporada. A brasileira levou a equipe aos play offs pela primeira vez na história do time, conquistando o sexto prêmio Fifa, de melhor jogadora do mundo, em 2018.
Conquistas de Marta na Seleção Brasileira
Depois de vencer o Pan-americano de 2003, onde foi descoberta pelo time sueco, Marta disputou e venceu a Copa América com a seleção brasileira no mesmo ano.
Garantindo sua vaga como camisa 10 do Brasil, Marta, junto com outras grandes atletas, como as veteranas Cristiane e Formiga, começou a fazer história na seleção, conquistando o bicampeonato no Pan Americano do Rio de Janeiro em 2007 e o tri no Pan do Canadá em 2015.
Além de conquistar mais dois títulos da Copa América em 2010 e 2018, Marta ainda conquistou o vice-campeonato da Copa do Mundo feminina em 2007. A atleta tem duas medalhas olímpicas, as duas de prata.
Em 2008, Marta, já considerada a melhor jogadora de futebol do mundo, chegou mais uma vez à final olímpica em Pequim, onde enfrentou, ao lado do time, os Estados Unidos, em partida sofrida que demandou muito delas para trazer o título, terminando em segundo lugar.
Ativista pelo direito das mulheres
As dificuldades no início da carreira, por outro lado, levaram Marta a se tornar uma ativista a favor da igualdade de gêneros no futebol. Na Copa do Mundo feminina da França em 2019, por exemplo, a atleta fez questão de jogar com uma chuteira diferente.
Na ocasião, Marta jogou com uma chuteira preta e sem patrocínio, com um símbolo representando a equidade de gêneros no esporte. A jogadora, nesse meio tempo, também se tornou embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres, onde faz um trabalho de defesa pública pela implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ao voluntariado.
Por que Marta é a melhor jogadora do mundo
Marta é a única atleta do futebol feminino nomeada pela Fifa seis vezes melhor do mundo. Entre 2006 e 2010, a atleta conquistou títulos consecutivos, devido ao destaque no futebol feminino, com a última premiação confirmada em 2018.
Entre 2011, 2012, 2013, 2014 e 2016, Marta chegou a concorrer ao prêmio, mas, apesar de não ter vencido, ficou entre as três melhores. Na Seleção Brasileira, conquistou dois Pan-americanos (2003 e 2007), três Copa América (2003, 2010 e 2018) e a prata em dois Jogos Olímpicos (2004 e 2008).
Por clubes, em 21 anos de carreira no futebol, Marta conquistou 18 títulos: uma Liga dos Campeões, uma Copa Libertadores, uma Copa do Brasil, duas ligas norte-americanas e uma Copa da Suécia.
Nas Olimpíadas de Paris 2024, a maior artilheira dos Mundiais teve seu sonho de trazer mais uma vitória frustrado em empate de 0 a 0 contra a Jamaica. A eliminação, como resultado, aconteceu na fase de grupos.
Apesar de não ter trazido seu último título, Marta encerra sua carreira no futebol feminino com maestria. Provando que a determinação pode nos levar a resultados nunca imaginados, a atleta se consagrou como exemplo para as gerações que sonham em fazer história.