Não é nada confortável conviver com alguém com quem não simpatizamos. Pior ainda quando essa pessoa faz parte de nossa família. Mas se por um lado ninguém escolhe tios, tias, pais, primos e irmãos, outros membros do clã como cunhadas, por exemplo, só surgem na família por conta de uma opção, que mesmo não tendo sido feita por nós, merece respeito. Até quando seu irmão recém-casado chega para uma visitinha surpresa do lado daquela que, a partir de então, vai fazer sempre as melhores sobremesas das festas de Natal, ser a tia preferida dos seus filhos e a nora predileta dos seus pais. Nada que vá “roubar” o seu lugar, mas o suficiente para criar um atrito comum: cunhadas em disputa.
Para a psicóloga Patrícia Madruga, a maior causa de rixas entre cunhadas e o grande ponto fraco da relação é mesmo a competição. “A disputa pelo amor dos sogros muitas vezes gera desentendimento”, comenta. Para ela, uma reunião familiar é sempre aconselhável e, nos casos mais graves, a solução pode ser uma terapia de família. Mas a verdade é que a obrigação de conviver com pessoas que não nos agradam, transforma ocasiões antes prazerosas em momentos de pânico.
O importante é saber distinguir se essa implicância é passageira, fruto de ciúme do maninho ou se, realmente, há alguma questão mal resolvida entre as partes. Feito isso, parte-se para a prática, na tentativa de resolver o dilema. A insegurança é, quase sempre, o motivo da antipatia recíproca. Muitas vezes, em um primeiro momento, as pessoas tornam-se agressivas na tentativa de suprir o medo do novo. Assim, algum fato pode ser mal interpretado e dar início à confusão.
O publicitário Mauro Abreu reclama da intolerância de suas irmãs em relação à sua noiva. “Já disse várias vezes que não me importo com a opinião delas. O relacionamento é meu, eu decido o que fazer”, desabafa. Segundo ele, por ser caçula da família, as irmãs tentavam controlar sua vida, com o intuito de protegê-lo. “Tive de forçar uma conversa para acabar com os desentendimentos. Só assim terminei com as maldosas fofocas em família”, comenta.
Mas medidas drásticas nem sempre resolvem. O melhor que o irmão-marido pode fazer é ouvir ambas as partes antes de tomar alguma atitude. A terapeuta familiar Vera Risi ressalta outro ponto de vista, também muito importante: “A disposição para o relacionamento depende muito da apresentação, dos comentários que se faz sobre a pessoa”, acredita. Segundo ela, a primeira impressão é a que fica e se a mesma não corresponder com o imaginado, pode gerar uma situação desconfortável, causando uma convivência irônica, com pitadas de sarcasmo. Para Vera, terapia é a solução quando busca-se descobrir o motivo do desconforto na relação. “Saber de que forma a imagem está sendo passada e como melhorá-la, é essencial para resolver uma situação conflituosa”, afirma.
Reconhecer erros e pedir ajuda é uma forma bastante nobre de conciliação, mas que nem sempre acontece. Foi esse o caso da corretora Ana Maria Borges, que acabou dividindo a família. “Por orgulho, nunca assumi ter sido implicante e muito infantil com minha cunhada. Acabei me afastando do meu irmão e, hoje, quem sofre são os meus filhos, que não possuem intimidade com os primos”, desabafa.
Não há família que conviva bem com algum tipo de desentendimento. Um relacionamento no mínimo respeitoso é muito importante sim já que, uma vez convivendo, compartilham de uma história, de tradições e de uma cultura única e especial. O grande erro é acreditar que uma rixa entre cunhadas, que pode parecer boba, em nada acarretará. Portanto, não importa de qual lado você esteja. Levante a bandeira da paz com respeito e franqueza.