Piolhos não transmitem doenças para a criança

Piolhos são um problema com que muitos pais vão se defrontar, principalmente com filhos na idade pré-escolar e escolar. Não se trata de um problema grave, mas chateia a todos e exige muita paciência para ser resolvido.

A infestação por piolhos não tem nada a ver com os cuidados higiênicos que a criança tenha. Estar com piolhos não significa que houve qualquer relaxamento nos banhos e asseio da criança. O tamanho do cabelo não tem influência na infestação. Finalmente, piolhos não transmitem doenças.

Um outro mito que é difundido é o de que uma criança que tem mais de uma infestação por piolhos tem “baixa imunidade” ou algum “problema no sangue”. Isso não é verdade. Crianças têm uma ou mais infestações porque entram em contato com outra criança que tenha piolhos. Eventualmente, nem são mais de uma infestação, mas o tratamento inadequado ou ineficiente deixa algumas lêndeas na cabeça da criança. Estas, com o tempo, crescem, se multiplicam e o que parece ser uma nova infestação é a mesma, não totalmente tratada. Portanto, não há motivo algum para se preocupar com coisas mais graves, se seu filho ou filha tiver mais de um episódio de infestação por piolhos.

O ciclo de vida dos piolhos, de forma simplificada é:

– uma lêndea ou ovo leva 8 a 9 dias para se tornar uma ninfa. A ninfa é a forma jovem do piolho, incapaz de se reproduzir.

– Uma ninfa leva em torno de 10 dias para se tornar um piolho adulto, com capacidade de se reproduzir. Uma fêmea é capaz de por até 10 ovos (lêndeas) por dia. Uma fêmea de piolho, se não for erradicada, pode viver entre 3 a 4 semanas.

Conhecendo o ciclo de vida do piolho nos ajuda a compreender duas coisas importantes:

1- uma criança que parecia curada, pode, 1 mês mais tarde voltar a ter lêndeas, parecendo uma nova infestação. Basta que uma fêmea sobreviva para que isso ocorra.

2- as lêndeas, em geral, resistem aos medicamentos habituais. Só o pente fino ou a catação as eliminam. Por isso que o tratamento com medicamentos deve ser repetido 9 dias após a primeira aplicação. Uma lêndea que não foi catada, vai gerar uma ninfa em 9 dias. A ninfa é sensível ao medicamento. Se o medicamento for reaplicado com 7 dias, algumas lêndeas ainda não terão gerado ninfas e o tratamento corre o risco de ser ineficaz.

Como diagnosticar que seu filho está com piolho?

O sinal mais comum é a coçeira no couro cabeludo e a confirmação se dá pela visão direta de um piolho ou de lêndeas. Piolhos são pequenos e rápidos. Muitas vezes não se consegue enxergá-los. As lêndeas são mais fáceis de serem vistas porque são imóveis, ficando firmemente aderidas aos fios de cabelo (foto acima).

Como tratar dos piolhos?

Sem dúvida alguma, a catação das lêndeas é fundamental. Seja com o uso de pente fino, seja catando manualmente, este exercício de paciência e perseverança é fundamental para o sucesso do tratamento.

Que remédios usar?

Existem várias opções disponíveis. Recomendo que não faça auto medicação e procure seu pediatra para saber qual o remédio que ele recomenda e como deve ser usado. Pessoalmente, acho perigoso divulgar nomes de remédios e modo de uso, através de um blog. Peço aos leitores que entendam que é cuidado com a saúde de seus filhos. Mas, se tiverem perguntas ou comentários, ficarei muito feliz em tentar respondê-los.

*Dr. Roberto Cooper é médico formado pela UFRJ em 1976

Residente de Pediatria do Hospital da Lagoa- 1976/1977

Título de Especialista em Pediatria pela Sociedade Brasileira de Pediatria

Médico do Instituto Fernandes Figueira- FIOCRUZ

Consultor da OMS até 1985

Contatos: [email protected]

http://www.robertocooper.com